133 cardeais, de todo o mundo, começam o Conclave que vai escolher o sucessor do Papa Francisco (o defunto Jorge Bergoglio). Os olhos do mundo vão estar concentrados no fumo que vai sair da capela Sistina. Se este for branco, quer dizer que teremos novo Papa («Habemus Papa»). Depois de um novo Papa eleito, o Vaticano poderá continuar as suas atividades não só religiosas mas também diplomáticas (já que exercem um «soft power»).
Durante cada um dos dias do Conclave haverá 4 votações, duas de manhã e outras duas a tarde. As portas já foram encerradas e agora o mundo espera para saber o que vai sair dali e faz contas sobre os possíveis candidatos. Existem vários países hispânicos e lusófonos mas vamos nos focar em Portugal e em Espanha.
Espanha tem 6 cardeais com capacidade de voto
Espanha tem seis cardeais eleitores e que, como tal, podem se tornar o próximo chefe da Igreja católica no mundo. Dos seis espanhóis, três exercem fora do país e nenhum destes nomes aparece na lista filtrada com os 22 nomes mais fortes para ser o próximo Papa (são nomes que vem da Europa mas também da Ásia ou do continente africano). Um deles é das Filipinas e é apresentado como o «Francisco asiático». Outro dos candidatos é português mas vamos falar sobre ele mais a frente.
Do «contigente» de cardeais espanhóis, o mais velho (e um dos mais velhos do Conclave) é o Cardeal Carlos Osoro, da Cantábria, que vai fazer 80 anos no dia 16 de Maio (esperemos ter um novo Papa escolhido antes desta data). O arcebispo emérito de Madrid é um nome que se opõe ao aborto. Quem ficou com o cargo de arcebispo de Madrid, desde 2023, e também eleitor é Jose Cobo Cano (de apenas 59 anos). Cobo foi um leal partidário do Papa Francisco e é considerado um progressista.
Passando para Barcelona, temos o arcebispo (que é Cardeal desde 2017) Juan José Omella, que foi um dos homens de confiança em Espanha do Papa Francisco durante os seus 12 anos como o Bispo de Roma. É visto como um moderado numa «luta» entre as alas progressista e conservadora da Igreja católica.
Existem candidatos a Papa que não exercem no seu país de origem
Ángel Fernández Artime (de 54 anos) é o perfeito do Dicasterio para os Institutos da vida Consagrada e Sociedade da Vida Apostólica, organização que tem a sua sede no Vaticano. Viveu vários anos em Buenos Aires.
Outro nome espanhol que exerce fora do país é o arcebispo de Rabat, Cristóbal López Romero (que estudou jornalismo e atualmente tem 72 anos). Para terminar a lista dos papáveis espanhóis temos François-Xavier Bustillo, nascido em Pamplona mas é bispo em Ajaccio (na França e como tal tem dupla nacionalidade).
Na história, existiram dois Papas espanhóis. Estes foram Alexandre VI e Bento XIII (considerado um antipapa durante o grande Cisma do Ocidente).
Portugal tem um forte candidato para ser o próximo Papa
Passando para a representação portuguesa, apenas 4 podem votar (os outros dois já excederam o limite da idade, já que um tem 86 e outro 93 anos). D. Américo Aguiar, Cardeal por Setúbal (esteve em Sesimbra na Festa das Chagas do ano passado), foi o organizador da JMJ em Portugal (a última do Papa Francisco), chegou a trabalhar para a rádio Renascença e é um dos mais jovens a participar neste Conclave (perdendo apenas para um ucraniano). Foi o último Cardeal português a ser ordenado pelo Papa Francisco, há pouco mais de um ano.
Considerado um dos nomes mais fortes para se tornar no próximo Papa, o madeirense D. José Tolentino de Mendonça foi um dos nomes de confiança de Francisco e é o vencedor do prêmio Eduardo Lourenço deste ano. No Vaticano é o responsável do Dicastério para a Cultura e Educação e no internamento do Papa Francisco chegou a fazer o seu papel em um dos eventos.
D. Manuel Clemente foi patriarca em Lisboa durante mais de uma década e também Bispo do Porto. Subiu ao posto de Cardeal em 2015 pelo Papa Francisco. O último dos papáveis portugueses é D. António Marto, que tem ligações com os Pastorinhos de Fátima e é o eleitoral português mais velho (com 77 anos), é Cardeal desde 2018 e foi Bispo de Leiria. Na história, existiram dois Papas portugueses, Dâmaso foi Papa durante 18 anos, já João XXI (que também era médico e era conhecido como Pedro Hispano) foi Papa durante pouco mais de 215 dias.