El Trapezio

Depois da confirmação da vitória de Daniel Chapo, o caos tomou posse das ruas de Moçambique

Mesmo depois de confirmada a vitória de Daniel Chapo nas presidenciais de Moçambique, o caos continua. Falta comida, combustível e os que chegam a Portugal de Maputo reportam incêndios e tiroteios. Lamentam uma nação que está de «luto» e descrevem a atual situação como «muito feia». O Brasil já demonstrou a sua preocupação pela atual agitação social. O governo de Brasília pede o diálogo entre o governo e a oposição para que este país lusófono possa voltar a conseguir a paz. Contenção a todos é um pedido que Portugal sempre fez. Luís Montenegro no início da semana «reconheceu» a vitória de Daniel Chapo e desejou que a transição pudesse decorrer de uma «forma pacífica e inclusiva, num espírito de diálogo». O primeiro-ministro acrescentou que “os laços fraternais entre Portugal e Moçambique permanecem um compromisso sólido para o futuro”. Marcelo Rebelo de Sousa também lembrou o diálogo democrático que deveria haver entre todos.

A posição do governo de Portugal, expressada tanto pelo PM como pelo PR, já foi lamentada pelo partido angolano Bloco Democrático. A mesma crítica foi feita por Venâncio Mondlane. Em todos os bairros estão a nascer grupos de vigilância por causa dos tumultos que estão a acontecer e que parte são realizados pelos detidos que fugiram da cadeia central. Que fica perto do centro da cidade e devido ao perigo pede-se que as pessoas não saiam a rua assim que o sol se ponha. Os portugueses em Maputo temem a escalada da situação e muitos afirmam ter uma rota de escape, com a embaixada, caso seja necessário o fazer. Na cidade não se vê a mesma movimentação que o costume pois como os túmulos estão a acontecer nos arredores da capital, os que aí vivem não conseguem ir trabalhar para a cidade e vice-versa. Na fronteira, especialmente com a África do sul, esta foi encerrada para que os protestos não passem para o outro lado.

Nesta fuga houve mortos e feridos e nas redes sociais começaram a circular histórias de homens armados a entrar dentro das casas armados com catanas. Parte destes detidos já foram recuperados mas segundo o líder da oposição, a polícia está a prender jovens que estavam desarmados e que apenas estavam contra a vitória de Daniel Chapo, da Frelimo. O medo e a escassez estão a marcar a situação política que o país está a viver. Há 18 mil portugueses registados na embaixada em Maputo mas até ao momento o MNE não tem previsto nenhum vôo de repatriamento e aqueles que têm chegado é para passaram as festas. A TAP já alterou as suas operações para este país por um tempo indeterminado.

O Centro para a Democracia e Direitos Humanos diz que a situação em Moçambique é explosiva e que o risco de guerra civil deve ser levado a sério. Guterres demonstra estar preocupado com tudo o que está a acontecer.

Neste momento os hospitais já não conseguem responder a tudo o que é necessário pois já morreram mais de 250 manifestantes desde as eleições . Metade deste valor foi registado na última semana. Estamos perante uma chacina que não vê fim a vista. Desde as eleições foram detidas 4.175 pessoas.

Até onde estes protestos poderão ir? É preciso empatia para resolver esta situação e será que Portugal e o Brasil podem servir como mediadores?

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