El Trapezio

A festa espanhola do futebol também foi vivida em Portugal

Se há algo que os latinos adoram e os portugueses não são excepção é o futebol. Basta ver os rantigs televisivos, com a RTP a ter o programa mais visto do dia (o que não é habitual) sempre que há jogos do Benfica ou da seleção portuguesa de futebol. Algo que aconteceu na fase de grupos deste Euro, que acabou com a vitória da seleção de Espanha. Depois das mulheres, agora os homens são os novos reis da Europa.

Ao contrário do cão adivinho que previa uma final ibérica desta competição (e da vontade de todos nós), Portugal «morreu na praia» enquanto a Espanha conseguiu a sua quarta vitória europeia. Aqui o jogo Espanha-Inglaterra foi visto na estação pública em sinal aberto e, tirando os turistas britânicos de férias em solo português, acredito que a maioria dos amantes de futebol que acompanharam a competição estavam do lado da Roja. Podia apresentar um sem número de aspetos, como o melhor futebol, mas vou focar-me em algo mais sociológico, mais passional. Aqui, ao contrário da Escócia, os jornais não fizeram manchetes com a palavra «vingança» (contra a Inglaterra) e os bares não foram enfeitados com bandeiras da Espanha mas, e aproveitando que era domingo, os amigos reuniram-se em frente das televisões para ver o último jogo do Euro 2024. Ao contrário de há 8 anos, nas ruas não se sentiu o silêncio antes da grande euforia, mas nos dois golos gritou-se «golo!». Não se saiu às ruas, mas o jogo foi acompanhado. Com cerveja, camarões e caracóis para petiscar.

Expulsão de energia necessária para descarregar alegrias e tristezas. Depois da tristeza do pênalti falhado que nos tirou fora da competição e do encontro que todos esperávamos (incluindo o próprio presidente da república), uma final ibérica antecipada, Espanha leva a taça para Madrid, algo que agradou os amantes do futebol que agora esperam a Finalíssima entre Espanha e a Argentina. Messi, Di Maria e Otamendi ganharam a Copa América e, como tal, deverá haver um jogo entre as duas equipas iberoamericanas que se sagraram campeões dos respectivos continentes.

Quando existem este tipo de competições a ordem de apoio é: Portugal, Brasil, Espanha. Aqui em Portugal quando existe alguma conquista desportiva esta é celebrada um pouco em todo o mundo lusófono. Talvez isto possa ser explicado ainda como um resquício do período colonial e das fortes comunidades de emigrantes. Quando Portugal foi campeão em 2016, este título foi celebrado até em Timor-Leste (lá eram 6 da manhã) e quando o Flamengo ganhou a última Libertadores (sobre o mando do português Jorge   Jesus) esta conquista também foi acompanhada em Lisboa. O futebol tem muito de coração. Já o Abel Ferreira, a frente dos brasileiros do Palmeiras, dizia «cabeça fria, coração quente». A Espanha demonstrou ter coração desde o primeiro minuto, com as famílias dos jogadores a anunciarem os convocados e a deixarem um video de boa sorte antes desta final de Berlim.

Como Portugal perdeu para a França, oito anos depois de ter conquistado a Europa contra o mesmo adversário, e o Brasil ter caído contra o Uruguai na Copa América, sobrou a Espanha do jovem Yamal. Que vinte anos depois também começa a escrever a sua história num Euro que viu o término de várias carreiras internacionais e, muito provavelmente, também a dos portugueses Pepe e Cristiano Ronaldo. Em relação a estes dois ainda não se sabe de nada e Roberto Martínez poderá ter algo a dizer sobre a continuação do madeirense na equipa das quinas.

Agora que o Euro 2024 já acabou, o que podemos tirar para o futuro? Não só para os próximos anos nas em especial para 2030, data em que vamos receber o Mundial em território ibérico e Marrocos. Acho que a aposta no desporto, em especial junto dos mais jovens (o atual selecionador espanhol vem das camadas mais jovens), é o caminho que Roberto Martínez pode seguir nas próximas competições que se seguem, a Liga das Nações e o Mundial tripartido de 2026. Os Estados Unidos e o México fazem uma pequena competição com as suas principais equipas que disputam uma taça. Por mais que os mexicanos não gostem desta competição acho que é uma boa ideia que poderia acontecer no período de verão. As duas ou três melhores equipas da Liga de Portugal contra os primeiros classificados da La Liga. Poderia ser uma boa ideia. O que acham, Pedro Proença e Javier Tebas?

Esperemos que na Liga das Nações possamos ver, numa hipotética final, um Portugal-Espanha. Enquanto isso não aconteça, aproveitem a festa dos campeões. Depois da fonte luminosa em Lisboa, a praça Cibeles de Madrid vai voltar a viver um belo momento.

«Parabéns!».

 

Andreia Rodrigues

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