Os eleitores portugueses votaram para escolher os 230 deputados da Assembleia da República e o governo que vai levar os destinos do país (esperemos que seja por um período superior a 12 meses). Os portugueses reforçaram pelo voto a sua confiança no Governo e no primeiro-ministro. Segundo os primeiros resultados, a AD ganha estas eleições e pode ganhar até 85 deputados. Estes mesmos primeiros resultados apontam o PS com a possibilidade de ir até aos 55 deputados e a possibilidade de um empate técnico entre os socialistas (19,4% a 25,4%) e o Chega (19,5% a 25,5%).
As primeiras projeções apontam para a possibilidade que se tornem na segunda força política no país. A Madeira, e depois dos representantes que deram à Eurovisa (os NAPA), poderá dar a Assembleia da República um novo partido, o JPP (Juntos pelo Povo e o equivalente um pouco ao Junts da Catalunha). A grande luta será pelo segundo lugar entre o PS e o Chega, a esquerda contra a direita. Será que estamos a assistir a um extremar entre dois lados, como vemos no Brasil com o PT e os apoiantes de Bolsonaro?
Uma maior estabilidade para um novo ciclo político que vai continuar com Luís Montenegro como primeiro-ministro mas com duas possibilidades para fazer um tampão sanitário ao Chega. Colocar a IL (os seus possíveis 14 deputados poderão fazer muito jeito) no Governo assim ter maioria ou um pacto de não agressão com os socialistas na Assembleia da República. Mais ou menos como tivemos com a Geringonça.
A AD deverá ganhar estas eleições com 29 a 34% dos votos dos portugueses. Até ao meio do dia, a afluência às urnas de votos foi a maior dos últimos vinte anos (no período da manhã) mas ficou abaixo do ano anterior. As mesas de voto encerraram às 19 horas em Portugal continental e no arquipélago da Madeira (o BE vai avançar junto da CNE uma queixa contra o presidente desta região autónoma). Quase 11 milhões de portugueses foram chamados às urnas, não só dentro do território luso mas também no estrangeiro, para escolherem se querem ir para a esquerda ou continuar a direita.
Depois do voto antecipado foi a vez de ir às urnas in vivo depois de uma noite mal dormida para os amantes de futebol. O que pode ter dificultado algumas pessoas a fazer a cruz no sítio certo do boletim e com o nome que queriam (não come nas eleições anteriores em que muitos confundiram AD com ADN). Votar é um gesto muito simples que pode mudar um país inteiro. Com cada vez mais jovens a votarem, um dos partidos que tentou captar este eleitorado foi o Livre. O partido de Rui Tavares conseguiu uma das vitórias da noite pois será o partido de esquerda com um melhor resultado nas urnas depois do histórico PS.
Enquanto uns crescem outros correm o risco de desaparecer
O seu grupo parlamentar (Livre) poderá passar de necessitar de um carro para um mini bus para chegarem ao Parlamento já que as sondagens apontam a possibilidade de 4 a 10 deputados. Atrás deste novo partido ficará a centenária CDU, que na realidade é o PCP, que com as sondagens a apontarem um máximo de cinco deputados vão protagonizar o ditado português que diz «não passam da cepa torta».
Estas eleições aconteceram 50 anos após as primeiras legislativas depois do 25 de Abril e depois de meio século esta continua a ser a com a maior participação da história. Algo lembrado pela lider do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, quando votou. O partido, que fez uma campanha muito à volta da habitação e dos trabalhadores, conseguiu ..e segundo as sondagens deverão ficar atrás do Livre e da CDU. O anúncio dos resultados foi recebido pelos militantes deste partido com o célebre slogan de «25 de Abril sempre, fascismo nunca mais!».
Depois de muito crescer, parece que o BE está em queda e a tornar-se numa CDU mais jovem. Agora é hora de refletir (depois de um dia só para isto) sobre que Portugal queremos. O voto demonstra a saúde de uma democracia. A porta das mesas de voto até foi possível ver pessoas que iam votar acompanhados por animais de estimação e há um partido focado neles, o PAN.
O partido de Inês de Sousa Real não terá muitas razões para sorrir, ao contrário desses animais, já que no pior dos casos poderão perder a sua única deputada. Até ao fim de semana, o presidente da república deverá ouvir todos os partidos para dar a tomada de posse a Luís Montenegro, que antes do anúncio dos resultados deixou escapar que estava «sereno e confiante na vitória». Mesmo com o apelo ao voto, feito por parte não só de figuras públicas mas também de anónimos, a abstenção deverá estar entre os 34,7% e os 47,7% (o que seria quase maioria absoluta caso estivéssemos a falar de um partido político) e foram recortados alguns problemas, como agressões, mas nada fé grave.
Até o próprio motor de busca da Google ou as redes sociais não desceram esquecer os portugueses que tinham que votar. Numas eleições em que se falou pouco de política e muito de last news, a saúde fez manchete nos dois últimos dias.
Uma escolha pelo certo mas com um pé no incerto
Se Montenegro disse que a atual situação aconteceu porque se inscreveram mais pessoas no SNS e Pedro Nuno Santos afirmou que caso formasse Governo ia reformar a saúde em Portugal (que vai mal), Ventura foi parar a cama de um hospital.
Muitos defenderam que este quis aproveitar o seu problema de saúde para capitalizar votos (ao melhor estilo de Bolsonaro) e parece que deu resultado. Será que o Chega é mais do que «one man party»?
Pedro Pinto, lider parlamentar do Chega, reagiu a estes primeiros resultados afirmando que «o sistema já tremeu». Qual foi o impacto da desinformação e das redes sociais para estes resultados?
Algo que deveremos ver daqui para a frente. O PS, acontecer o que acontecer, será o grande derrotado destas eleições que tiveram em jogo não só a chefia do Governo mas muito provavelmente do próprio partido.
Acredito que depois das autárquicas e das presidenciais deveremos ver o PS a mudar de liderança. Não é nada de confirmado. Apenas uma aposta minha e as apostas estão cada vez mais na moda por tudo e por nada. Os resultados finais deverão ser conhecidos no próximo domingo.