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Depois do «blackout», os ibéricos voltam a recuperar a normalidade e exigem saber o porquê

Passava pouco das 11:30 da manhã em Portugal (uma hora a mais em Espanha) quando o território ibérico ficou totalmente às escuras. Ainda não se sabe muito bem o que aconteceu para que esta situação acontecesse mas nas primeiras horas, sem comunicações de nenhuma ordem (já que sem luz não havia internet, televisão ou rede para os telemóveis), proliferaram as fake news. Uma delas dizia que o território europeu estava a ser alvo de um ciberataque de hackers russos. Para além dos Governos de Portugal e de Espanha, que agora vão investigar para saber como esta situação aconteceu, a UE também vai investigar o apagão ibérico.

Nas redes sociais, a que os ibéricos não tiveram acesso durante meio dia, António Costa afirmou estar a seguir a situação com preocupação e estar em contato com Montenegro e Sánchez. Pedro Sánchez afirmou que vai «exigir todas as responsabilidades aos operadores privados”. As auditorias serão independentes mas em Portugal há quem aponte a excessiva dependência energética de Espanha uma das causas para o «blackout» que foi registado. O ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, referiu, nesta terça, que o país está a trabalhar com energia produzida no país.

Portugal e Espanha são dois países que estão fortemente interligados a nível energético e tem um mercado próprio, como é o caso do MIBEL. Espanha conseguiu recuperar mais rapidamente do que Portugal graças às ligações que tem com França e com Marrocos. Tribunal de Espanha vai investigar possibilidade de apagão ter sido cibertaque, algo que a empresa que gere a rede elétrica de Espanha descarta. A situação do apagão levou a uma corrida aos supermercados.

Assim que foi reportado o apagão geral, o Governo reuniu-se num Conselho de Ministros extraordinário que decorreu durante todo o dia de ontem e também o de hoje. O Governo também esteve reunido com a REN e os deputados da Assembleia da República para explicarem o que aconteceu e como o país respondeu a esta situação. O SIRESP, que é um sistema de comunicações usado pelas forças de segurança, continua com problemas apesar da retoma da normalidade (este sistema tem problemas desde os incêndios de Pedrógão Grande). A PSP já elogiou o comportamento calmo e sereno que os cidadãos tiveram durante o apagão.

Na sua última comunicação ao país, já na terça-feira, Luís Montenegro considera que a resposta ao apagão «foi rápida» apesar do PS achar que «faltou liderança». PNS (Pedro Nuno Santos) também acusou o Governo de fazer propaganda e de falhar na comunicação durante o apagão. As autoridades alertam para a possibilidade de fraudes no futuro.

Apagão levou a adiamento de debate 

Ontem deveria ter havido um debate entre estes dois líderes políticos na televisão mas devido ao apagão o debate entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos foi adiado e vai acontecer na próxima quarta-feira. O frente-a-frente será transmitido em simultâneo pelos três canais generalistas, a RTP, a SIC e a TVI.

A televisão foi um dos setores de atividade que foi afetado pelo apagão e a central da RTP, em Lisboa, está a passar por problemas. A emissão está a ser feita graças aos estudos do norte. Foi anunciado que foi lançada uma mensagem, pela Proteção Civil, a anunciar a situação e a posterior retoma da luz mas a verdade é que nem todos a receberam.

Durante a tarde, os portugueses correram às lojas para comprar alimentos e às bombas para o combustível, formando filas gigantes que vivemos na COVID. Tal como nesse período, e apesar de ser uma segunda de tarde, as escolas acabaram por encerrar e as pessoas saíram mais cedo dos trabalhos pois sem eletricidade não é possível fazer nada. Durante as 10 horas em que se viveu sem luz, muitos aproveitaram para fazer atividades que fogem do dia-a-dia, como é o caso das brincadeiras na rua ou o simples conversar com a família e vizinhos. A tranquilidade contrastava com a paralisação dos transportes (entretanto já retomados) ou a desmarcação de atividades hospitalares.

Já ao fim do dia, e graças a rádio (o único meio que conseguia informar), começou-se a ouvir que as primeiras localidades, especialmente a norte, começavam a ver a luz. Muito graças a duas centrais e o Governo já anunciou que pretende que as centrais do Baixo Sabor e do Alqueva também tenham a capacidade de um arranque autónomo.

Esta volta, que foi gradual, foi recebida com exaltações de alegria que foram desde os aplausos até ao lançamento de foguetes que coloriram o céu da cidade da Amadora, já de noite. A volta da eletricidade foi acompanhada da possibilidade de se comunicar, que durante o dia só poderia ser feita de emergência e mesmo assim o INEM reporta a perda de mais de 400 chamadas. Entretanto, o país já acordou na mais absoluta normalidade, com a eletricidade reposta na sua totalidade.

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