El Trapezio

Marchas feministas em Portugal lembraram a primeira feita depois da revolução de 25 de Abril de 1974

Mesmo com uma situação meteorológica adversa, as portuguesas saíram às ruas para assinalar mais um Dia da Mulher. Também decorreram concertos e debates onde se reflectiu-se sobre o poder da palavra no feminino.

Para além das marchas, que aconteceram em todas as cidades, lembrou-se a primeira manifestação que as mulheres fizeram neste mesmo há 50 anos e já em democracia. As Nações Unidas implementou, já há cinco décadas, o dia 8 de Março como o Dia Internacional da Mulher. Um dia para relembrar a força, valentia e resiliência das mulheres. Este não deve ser um dia que serve apenas para lembrar uma efeméride mas apresentar passos dados no caminho de um igualdade total, o que ainda vai demorar muito para que tal aconteça. Os valores de Abril passaram também a ser das mulheres. Quebraram-se barreiras e desafiaram-se estereótipos nas últimas décadas.

A revolução trouxe uma mudança drástica na vida das portuguesas que antes para viajarem para fora do país tinham que ter uma autorização escrita de um homem (fosse marido ou pai), nas zonas rurais nem sabiam ler e eram as «donas de casa». Agora, as mulheres estão em maioria no Ensino superior e são uma força de trabalho notável em várias profissões. Algumas não muito comuns, como é o caso de conduzir um cacilheiro (aquele barco que une Lisboa a Cacilhas) ou jogar futebol envergando as cores de Portugal.

Em mais um Dia da Mulher, foi apresentado um estudo que indica que as Mulheres jovens são as mais prejudicadas no mercado laboral. Mesmo havendo mais mulheres do que homens. Ainda existe muito a fazer para se alcançar a realidade, como referiu o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. «Há realidades por cumprir no caminho da igualdade». Esta deve ser uma responsabilidade global.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, lembra que 1 mulher é assassinada a cada 10 minutos por parceiros ou familiares. Apesar da crise política instalada em Portugal, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, apontou que «a violência doméstica é uma das mais graves violações dos direitos humanos». Este dia também foi saudado nas redes sociais pelo ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Rangel.

Itália pretende que o femenicidio seja punido com prisão perpétua. Já em Portugal, um dos casos que mais chocou, nos últimos meses, aconteceu em Sesimbra com mãe e filha a serem assassinados a facada pelo companheiro da mãe que depois se suicídio. A filha, que apenas tinha 17 anos, morreu com o mesmo número de facadas. Desta família, que tinha três mulheres, apenas uma (que é uma bebê com menos de um ano) sobreviveu.

Salir de la versión móvil