El Trapezio

Moçambique comemora os seus cinquenta anos de independência com os olhos postos no futuro

Foi há cinquenta anos, no dia 25 de Junho, que Moçambique proclamou a sua independência depois da Revolução dos Cravos, em Portugal. Foram 32 os chefes de Estado presentes (incluindo o da Guiné-Bissau) nas celebrações dos 50 anos da independência de Moçambique. Um deles foi o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, que afirmou estar «emocionado» pela festa da independência de Moçambique. O seu pai, Baltazar, foi governador-geral de Moçambique em 1968, nomeado por Marcelo Caetano.

As declarações foram prestadas a chegada ao Estádio de Machava (onde foi proclamada a independência em 1975), em Maputo, onde decorreu esta festa que contou com a participação de 40.000 pessoas. O estádio foi reabilitado para receber estas celebrações e apartir de agora terá o nome de Estádio da Independência Nacional. Este estádio foi construído ainda durante o salazarismo.

Moçambique vive os 50 anos da independência entre a ansiedade e a desesperança. Para Marcelo Rebelo de Sousa, Moçambique pode ter um grande futuro, repleto de esperança. Desde 1975, a taxa de analfabetismo caiu de 93 para 38% da população. Meio século depois, as marcas da guerra reflectem-se na pobreza extrema de Moçambique.

«É um grande momento para Moçambique e para Portugal», disse o presidente de Portugal que afirmou que os dois países estão juntos. Marcelo colocou uma coroa de flores no monumento aos heróis moçambicanos que lutaram numa guerra colonial que durou uma década. Daniel Chapo pediu ao Governo português uma livre circulação para os países que foram antigas colónias de Lisboa. Daniel Chapo lamentou que a corrupção esteja a minar os esforços para o desenvolvimento nos 50 anos de Moçambique.

Um grande dia para Moçambique e não só

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Rangel, disse que «é um grande dia para Portugal» ver Moçambique celebrar 50 anos da independência desta nação africana. Mesmo longe, na Cimeira da NATO (em Haia), o PM português, Luís Montenegro, não podia deixar de destacar os «laços fraternos e inabaláveis» que unem Lisboa a Maputo.

O escritor moçambicano Mia Couto, que nasceu ainda antes da independência e é um dos mais importantes da literatura lusófona, lembra que o país mudou muito em meio século. O presidente da República de Moçambique, Daniel Chapo, olha para as relações com Portugal como «extraordinárias» e afasta a possibilidade de reparações, como outros países que foram antigas colónias têm exigido aos seus colonizadores europeus. Nas celebrações também marcaram três antigos presidentes de Moçambique. Chapo é o primeiro presidente nascido depois da independência.

O líder da Renamo e da oposição lamenta que as «fraudes eleitorais» (o último ano foi marcado por protestos às eleições que deram a vitória de Chapo perante o candidato da oposição, Venâncio Mondlane) marcaram este meio século de Independência. Mondlane (do Podemos) apontou que Moçambique continua refém de um colono, só que desta vez é interno pois desde a independência que o presidente é sempre do mesmo partido político.

Lula da Silva vai visitar Moçambique com relação «muito profunda de amizade». Depois da presença em Moçambique, Marcelo Rebelo de Sousa vai marcar presença em Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, em Julho, para celebrar os cinquenta anos da independência destas duas nações insulares.

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