El Trapezio

Seca na Península Ibérica faz pensar sobre o uso da água e o futuro

A série Crimes Submersos (ou Sequia, em espanhol), produção luso-espanhola, inicia-se com uma aldeia que volta a ser vista décadas depois. Devido a seca, a fictícia barragem de Campomediano tem apenas metade da sua capacidade, o que fez com que esta aldeia deixe de estar submersa. Só que isto não é pura ficção. Segundo um informe apresentado pela Comissão Europeia, os eventos climáticos extremos custaram cerca de 500 mil milhões de euros. 142 mil vidas foram perdidas nos últimos 40 anos devido a estes fenómenos. 

Portugal é dos países da Europa mais afetados pelos fenómenos climáticos extremos. Para combater a seca na Península Ibérica, que já é alvo de debate em Bruxelas, os governos dos dois países anunciaram apoios aos agricultores e um reforço do acompanhamento mensal aos caudais dos rios compartilhados. 

As alterações climáticas fazem-se notar mais no sul da Europa. O clima mediterrânico é cada vez mais caracterizado pela seca e falta de precipitação. 57,7% do território lusitano está em situação de seca moderada e o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) não avança a possibilidade de chuva para os tempos mais próximos. Segundo este instituto, existe 80% de probabilidade de 2022 ser um ano seco. Janeiro foi o sexto Janeiro mais seco desde 1931. Esta é a maior seca sentida no pais desde 2005.

Seca afasta visitantes e afeta a agricultura

Portugal é o terceiro país europeu que mais consome água engarrafada mesmo a qualidade da água pública ser de 99,9%. Também é uma das nações europeias que usa mais energia produzida de formas renováveis. As barragens portuguesas, mesmo com a seca, garantem o abastecimento de água para consumo humano durante dois anos. A falta de precipitação também está a afetar os restaurantes na Serra da Estrela pois sem neve não tem tido o mesmo numero de clientes.  

A seca está a ameaçar a viticultura, fruticultura, cereais e a pecuária. Para tentar fazer frente a esta situação, o governo português restringiu o uso de 4 barragens para eletricidade e rega. Estas barragens só poderão produzir eletricidade duas horas por semana. Se a situação de seca continuar novas medidas poderão ser adotadas. As barragens são a do Alto Lindoso e Touvedo, no distrito de Viana do Castelo, Cabril (Castelo Branco) e Castelo de Bode (Santarém).

Em relação a barragem do Alto Lindoso, a EDP pede aos autarcas galegos que controlem os milhares de visitantes que nas últimas semanas tem atraído milhares de visitantes a antiga aldeia de Aceredo. Matos Fernandes, ministro do ambiente português, admitiu que os locais com mais água, como é o caso do Alqueva, podem ser usados para compensar os locais onde esta começa a faltar.

Algumas barragens portuguesas deixaram de produzir energia hidroelétrica

O estado não vai indenizar a EDP pela proibição na produção nas barragens. Várias bacias e barragens estão com a sua capacidade abaixo da média. A descida do caudal do rio Zêzere fez emergir as ruínas da aldeia do Vilar, que foi submersa em 1954 e agora, devido a seca, está novamente a vista. 

No Algarve, um dos locais do país mais afetados, são gastos sete milhões de metros cúbicos de água. Esta é usada em especial para a rega de jardim ou de campos de golfe, um dos grandes atrativos da região. A água da barragem de Bravura, no Barlavento algarvio, deixou de poder ser usada para rega. Para fazer frente a esta situação fala-se na possibilidade de ser usada a água do mar. Após a retirada do sal, esta poderia ser usada para a rega. A água das barragens ficaria apenas para o consumo público. A região vai ter a primeira central de dessalinização do continente. Esta vai estar a trabalhar dentro de três anos.

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