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Cinquenta anos da morte de Franco e o contra-golpe que consolidou a democracia em Portugal

Dois historiadores espanhóis, Ángel Viñas e Guillem Martínez, acreditam que o petróleo norte-americano dado aos franquistas, e que entrou através de Portugal, terá sido decisivo para a vitória dos nacionalistas na Guerra Civil.

Uma guerra que também contou com portugueses, a lutarem nos dois lados, e com refugiados a fugirem para o lado mais ocidental do território ibérico. Barrancos teve dois campos de refugiados, cada um nas herdades que ainda existem no concelho, que receberam cerca de 700 pessoas. Esquerdistas e não só. O chefe da guarda que controlava estes campos dizia que eram uma forma de pessoas com ideais diferentes não fossem na direção de Lisboa, onde já havia Salazar no poder. Esta história foi contada no último programa «Visita Guiada», da RTP2, que foi gravado em Barrancos.

A teoria do petróleo, e onde Portugal serviu como uma ponte de passagem, é apontada no livro «O Ouro Negro de Franco», apresentado numa altura em que se assinala os 50 anos da morte de Francisco Franco (claramente prefiro a representação que fazem no «Polónia», da TV3, do que o verdadeiro).

A minha mãe diz que se lembra de ver, numa televisão do vizinho, a subida de Juan Carlos I ao poder (entretanto caído em desgraça e, supostamente, com uma casa em Portugal) e, segundo ela, o Franco tinha mesmo «cara de ditador». Gostava que ela me explicasse qual era a cara do Salazar ou do Marcelo Caetano.

Esta morte (a de Franco, como é claro) deu o início para a transição em direção a democracia. Esta transição para a democracia, que aconteceu um ano após o 25 de Abril de 1974 em Portugal, está a ser comemorada simultaneamente no território ibérico. Não nos esqueçamos.

Dentro de pouco mais de uma semana teremos o 25 de Novembro, a data que é vista como a que consolidou a democracia em Portugal e que levou a que não caissemos numa experiência ao estilo cubano. Naquele dia, Portugal esteve muito perto de uma guerra civil que poderia dividir o país em dois, um norte mais de direita e um sul mais de esquerda (ainda hoje em dia é aqui onde o PCP tem os seus bastiões). O contra-golpe contra as forças de um dos heróis da revolução foi liderado pelo General Ramalho Eanes, que acabou por se tornar o primeiro presidente do Portugal democrático (um dos tios da minha mãe fez parte do grupo de Ramalho Eanes). Facto curioso: caso Henrique Gouveia e Melo ganhe as eleições para presidente da República, será o segundo militar neste cargo (depois de Ramalho Eanes). Isto veremos apenas a 18 de Janeiro de 2026.

Meio século após Franco, e mesmo com a Lei da Memória Histórica, ainda muitos vestígios, incluindo na arquitetura, estão por apagar. Mas será que a história deve ser totalmente apagada ou deve ser relembrada para que, em alguns casos, não se repita? Questão que pode ser colocada em vários aspetos da nossa história, desde as ditaduras aos descobrimentos/colonialismo. Sobre este último aspecto, Espanha já pediu uma espécie de «desculpa» ao México pelo que aconteceu e Ventura negou que a corrupção seja herança portuguesa.

Apesar de já ter morrido há meio século, a figura do Caudilho continua a dividir Espanha. Já no caso português, continuamos a ouvir que na altura do Salazar é que era bom, mas a maioria das pessoas não quer uma volta ao outro modo político (isto apesar do Chega estar a aumentar no número de votantes). Apesar da história, o passado ainda nos persegue.

Andreia Rodrigues

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