Num período cheio de incertezas, não só na Europa mas também no mundo, será que Portugal e Espanha têm uma palavra a dizer? Afinal, estamos a falar dos dois povos que iniciaram o processo da globalização. Atualmente vivemos uma situação única. Com várias revoluções a acontecerem ao mesmo tempo, como é o caso da Inteligência Artificial. O diplomata Jorge Dezcallar fez um aviso sombrio: «Estamos na época dos monstros. Não sabemos se voltaremos a ter instituições internacionais fortes. O futuro é uma incógnita». O mundo está cara vez mais militarizado e na Europa só uma capital, Lisboa, não seria atingida pelos novos drones russos. A extrema-direita já não é marginal no continente europeu.
O diplomata trouxe para a discussão o peso da geopolítica e da história. Esta repete-se constantemente. Esta foi a ideia defendida no 4.º Encontro Luso-Espanhol ‘Desafios do Século XXI’, onde se falou sobre os desafios de governança e da política em tempos de convulsão internacional. As democracias precisam de ser rejuvenescidas e reinventadas.
Neste encontro participaram Jorge Dezcallar, antigo diretor do Centro Nacional de Inteligência, e o presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras (as eleições autárquicas vão acontecer a 12 de Outubro). Para Carreiras, a Península Ibérica pode ser muito mais do que a periferia da Europa. Para tal é preciso unir forças para conseguir «suportar» um mundo bipolar dividido entre os Estados Unidos e a China. O caminho pode estar numa comunidade afro-ibero-latino-americana, com o Brasil e Angola a terem um papel fundamental a dizer no sul global. Carlos Carreiras também defendeu que o Governo vai começar a recair não nos Governos centrais, mas sim nos municipios/regiões.

