Timor-Leste: O primeiro país nascido no milénio comemora 20 anos

Portugal juntou-se aos timorenses na festa da independência e na tomada de posse de um novo presidente

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Na madrugada do dia 20 de Maio de 2002 um novo país nascia lá no outro lado do mundo. Um feito histórico que acompanhamos agarrados ao ecrã como se lá estivéssemos, como se aquela terra também fosse a nossa. Vimos aquele nosso irmão afastado criar uma nação do zero e o nosso coração ficou cheio ao ouvir as lendas locais, danças e uma nova bandeira a voar naquele céu asiático. Os capacetes azuis das Nações Unidas deram lugar aos militares timorenses.

Depois de muitas canções (Aí Timor, de Luís Represas, continua a ser um hino nos dois países), marchas de apoio e pressão internacional a paz foi alcançada. O direito à independência, à paz e à identidade foram repostos após a colonização portuguesa e a ocupação Indonésia que custou 30 anos aos timorenses. A generosidade entre os povos, convicção, vontade de lutar por uma causa justa e esperança num mundo melhor resultou. A Indonésia abandonou o território e nas últimas décadas a paz tem reinado na região que sempre usou a língua portuguesa como uma forma de resistência. Tanto o histórico líder, Xanana Gusmão, como Marcelo Rebelo de Sousa reforçaram a mensagem de que «falar português é como ter um passaporte para viajar no mundo, é ter um tesouro na mão».

Xanana Gusmão, Bispo Ximenes Belo, Ramos-Horta (o novo presidente e prémio Nobel da paz), Max Stahl, Jorge Sampaio ou Ana Gomes foram alguns dos nomes que lutaram e apresentaram o horror que os timorenses estavam a viver ao resto do mundo. Ao contrário do que está a acontecer na Ucrânia, onde assistimos a guerra em direto, só depois de umas fitas escondidas numa lápide é que os olhos do mundo se viraram para Timor Lorosae ou Timor-Leste. Este povo sempre esteve presente nos corações e na atualidade noticiosa dos portugueses. A terra do sol nascente encantava todos.

Independência, uma causa de povos

Vinte anos depois, Marcelo Rebelo de Sousa recordou que a luta pela independência da pequena ilha é e continua a ser «a maior causa de Portugal vivida em democracia». O presidente da república e o ministro dos negócios foram alguns dos convidados presentes na sessão solene da Constituição da República Democrática de Timor e na tomada de posse de José Ramos-Horta que tem como um dos grandes objetivos diminuir a pobreza no país (40% vive abaixo da linha da pobreza).

O recinto de Tasi Tolu encheu para esta tomada de posse que contou com convidados de delegações de mais de 30 países. Mesmo não estando presente, o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, recorreu às redes sociais para enaltecer um povo que soube “construir a sua própria nação” e lembrou os portugueses que com o seu apoio ajudaram a que o sonho dos timorenses se torna-se numa realidade.

António Guterres, que há 20 anos era o primeiro-ministro português, manifestou a sua admiração pelo povo de Timor e disse que foram e «permanecem uma inspiração para o mundo». O secretário-geral, que na sua fundação tem a bandeira portuguesa que estava escondida na mata, lembrou o orgulho que sentiu e sente por este feito de Timor-leste. Na capital, onde pediu um estreitar ainda maior nas relações tendo como base a CPLP, Rebelo de Sousa (que foi o representante da União Europeia) foi recebido em clima de festa. O avô Nana de Portugal fez furor nas redes sociais. Nos últimos 20 anos muita coisa mudou e as escolas de Dili estão a preparar a geração do futuro enquanto ainda saram as dores do passado.

Estudantes de advocacia ambicionam um dia chegar ao governo e o espanhol é um dos idiomas de ensino na Universidade de Medicina devido aos médicos cubanos que lá dão aulas. Prepara-se um amanhã que não dependa só de petróleo ou de café.

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