Esquerda e direita disputam voto a voto em eleições que podem marcar a mudança nos destinos dos portugueses

Ventos de mudança nas eleições portuguesas dão vitória a direita numa noite em que o Chega e o Livre duplicam os seus deputados

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A Aliança Democrática, de Luís Montenegro, ganhou as eleições legislativas portuguesas com 29%. A AD terá uma maioria relativa tendo que fazer acordos parlamentares à direita. Activistas da Climaxico (que já «atacaram» durante a campanha) atiraram tinta contra o hotel onde está presente a comitiva daquele que será o novo primeiro-ministro português, Luís Montenegro (que já foi saudado por Carlos Moedas). A maioria absoluta da direita só será conseguida se a AD se juntar ao IL e Chega. O histórico CDS (que faz parte da coligação da AD) volta desta forma ao parlamento cada vez mais fragmentado. Uma noite de nervos em que todos os votos contam. A AD e o PS têm uma votação muito próxima com a direita com mais deputados no norte e o PS no sul. O ADN, partido mais de extrema a direita, «roubou» alguns votos a AD devido ao facto de vários eleitores se terem enganado nestas siglas que apareceram nos dois primeiros lugares dos boletins de voto dos portugueses.

Já com alguns distritos fechados, Beja apresenta a queda de um bastião comunista. O PS deverá ter até 28% dos votos (o que representa uma grande descida para o partido de PNS) e o ministro das finanças, Fernando Medina, lamentou que a AD possa ficar «refém» do terceiro partido mais votado, o Chega. «Como homem do 25 de Abril vejo com tristeza o resultado do Chega», lamentou o histórico do PS, Manuel Alegre. Alegre considera que esta é uma derrota «do partido e não de Pedro Nuno Santos». João Soares, filho de Mário Soares, em direto na estação pública admitiu a derrota dos socialistas e lembrou que ser oposição só faz bem. «O PS vai sempre ajudar a consolidar a democracia», disse Soares sobre a possibilidade de o PS ajudar a AD no parlamento para afastar o Chega (elegeu deputados em todos os distritos menos Bragança) do arco parlamentar. O partido de Ventura ficou em terceiro lugar quase triplicando o seu grupo parlamentar. Esta noite é considerada como aquela que marca o fim do bipartidismo em Portugal. O PS, que já aceitou que este é um resultado «aquém do esperado», deixou bem patente que não é o parceiro natural da AD para governar. Para Gomes Cravinho, Portugal vai sair destas eleições fragilizado. Costa também esteve no quartel-geral dos socialistas onde falou aos jornalistas.

A Iniciativa Liberal olha para esta noite com serenidade pois poderá ser a chave de um futuro governo de direita. O Bloco de Esquerda fica com uma percentagem de 4,4%, no quinto lugar. O Livre é um dos grandes vencedores, desta foi com um grupo parlamentar, deixando de ser um partido com um único deputado, Rui Tavares. A CDU, um dos derrotados da noite, perdeu metade dos seus deputados e agora terá que «resistir e ir para a rua», tal como Paulo Raimundo tinha dito antes das eleições. O PAN, tal como a CDU, estão a espera dos resultados finais para saberem se elegem deputados para um parlamento que parecerá um jogo de poker, no futuro, entre a AD e o Chega para viabilizar um governo de maioria de direita.

CNE vê indício de crime de propaganda em declarações de Miguel Albuquerque em momento de voto. O presidente do PS considerou que este órgão foi bastante permissivo. Em relação a abstenção, esta será a mais baixa dos últimos vinte anos, algo que os partidos saudaram e consideram uma «prenda» no ano em que se comemora os 50 anos do 25 de Abril. Os portugueses não ficaram em casa no ano em que viraram a direita nas urnas. Atividade parlamentar regressa no início de abril.

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