Países ibéricos discutem o bem-estar feminino

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Quando falamos de bem-estar podíamos estar a falar de vários aspetos, inclusive o facto de precisarmos mais de um século para que as mulheres ganhem o mesmo que os homens ou a violência machista mas vamos centrar-nos no ciclo menstrual. Algo tão simples e sem a qual nenhum de nós estaria neste momento a ler estas palavras. Há um conjunto de dias no mês em que as mulheres sofrem (umas mais, outras menos).

Em Espanha aprovou-se uma licença menstrual de até cinco dias. Esta medida demonstra o como é progressista o governo de Pedro Sanchéz (o que mais ministras tem na Europa). Neste lado da fronteira, começamos a discutir mais sobre este tema, mas ainda um pouco de surdina. A verdade é que mesmo já tendo mais tempo vivido em democracia do que em ditadura, continuamos a viver com o cinzentismo em cima de nós.

A “pobreza menstrual” é um dos principais problemas que as mulheres enfrentam. Isto não acontece só nos países de África ou da América Latina, mas também aqui em pleno coração ibérico. Muitas, especialmente aquelas inseridas em meios menos favorecidos, nem dinheiro tem para a compra de produtos de higiene feminina e nos dias em que estão menstruadas acabam por nem sair de casa.

Usam toalhas que depois se lavam (muito como se faz com as fraldas de pano) ou, em casos mais extremos, miolo de pão. Tudo serve para tentar travar o fluxo naqueles dias. Quem é mulher sabe que todos os meses, seja por apenas três dias ou até uma semana, fica incapacitada com dores de cabeça ou de estomago. Toda a vida da mulher fica incapacitada e algumas acabam por ter quadros depressivos.

O que para além de ser prejudicial para a saúde também pode colocar em causa a aprendizagem escolar ou o trabalho. Espanha avançou com uma medida inédita na Europa, já que o Parlamento aprovou a licença menstrual até cinco dias por mês. Estas baixas serão pagas pela totalidade pela Segurança Social e vão poder ser usadas por mulheres que sofrem com menstruações “dolorosas e incapacitantes”.

Para além desta licença, também serão distribuídos produtos de higiene menstrual em escolas ou prisões. Isto tudo para combater, segundo a ministra da Igualdade de Espanha, Irene Montero, “a pobreza menstrual”. Esta medida chegou a ser pensada no Brasil, mas prontamente negada durante o governo de Jair Bolsonaro. Em Portugal, muitos pediram que os produtos de higiene feminina tivessem um IVA de 0% ou pelo menos mais reduzido para assim também se combater.

A endometriose é uma doença que afeta diversas mulheres, incluindo a cantora brasileira Anitta (que chegou a ser operada). Uma das medidas que o PSD pretende que seja criada é um vale-cirurgia para que as mulheres portuguesas possam fazer o mesmo que Anitta e operarem-se para deixarem de ter dores incapacitantes todos os meses. Estima-se que em território lusitano existam 230 mil mulheres a sofrem com esta doença ginecológica.

40% destas mulheres demoram mais de dez anos a serem diagnosticadas. A maioria destas mulheres tem entre os 30 e os 35 anos. Em Portugal, esta mesma medida está a ser discutida para que as mulheres possam ter direito a uma licença de até três dias. Vários partidos pedem para que seja aprovada uma licença menstrual. O Parlamento aprovou o dia 01 de março como o Dia Nacional da Luta contra a Endometriose.

Desta forma poderão ser criadas melhores condições de tratamento e considerar esta uma doença crónica.

 

Andreia Rodrigues

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