Saímos de umas Legislativas, vamos para ter as autárquicas em Outubro mas já se começa a falar sobre os possíveis candidatos às Presidenciais. Estamos a oito meses delas. Estas vão acontecer em 26 de Janeiro de 2026 e daqui irá sair o substituto de Marcelo Rebelo de Sousa, que vai deixar o Palácio de Belém depois de dois mandatos.
Nos últimos vinte anos, Portugal teve dois presidentes de direita: Cavaco Silva e Marcelo Rebelo de Sousa. Ao contrário das Legislativas, nas Presidenciais é possível concorrer como independentemente mas habitualmente os partidos com lugar no Parlamento apresentam ou apoiam um candidato. Um dos primeiros a se apresentar como possível candidato, ainda em Fevereiro, foi André Ventura (do Chega). A apresentação foi algo ao estilo de Trump e depois de Gouveia e Melo ter recusado o apoio do, agora, segundo partido mais votado de Portugal. Desde Fevereiro, muito aconteceu e agora em Maio (a campanha oficial arranca no fim do ano), Ventura pondera retirar esta candidatura pois «arrisca-se a ganhar» e ele quer ser primeiro-ministro. A desinformação tem aumentado no país e o Chega tem sido o partido que mais contribui e ganha com esta situação.
Quanto a Mariana Leitão, cuja candidatura presidencial foi anunciada em fevereiro, na Convenção Nacional da Iniciativa Liberal, tudo ficou “congelado”. No dia em que Marcelo Rebelo de Sousa indigitou Luís Montenegro como o próximo primeiro-ministro, o PSD confirmou o que era já do conhecimento público, a candidatura de Marques Mendes (antigo lider deste partido e atual comentador político) a Belém. Manuela Ferreira Leite e Pinto Balsemão são dois históricos do partido que apoiam a candidatura de Marques Mendes. Este já disse que uma das causas centrais da sua candidatura presidencial é a solidariedade social.
O outro membro da coligação da AD, o CDS, ainda não avançou com o apoio ao candidato social-democrata pois esperam a possibilidade da candidatura de Paulo Portas (que também faz comentário semanal na mesma estação onde estava Marcelo Rebelo de Sousa). A possibilidade de Portas avançar para Belém só será tomada a partir deste verão.
Gouveia e Melo, o homem que despiu a farda para se candidatar a Belém
Visto como possível vencedor, as sondagens apontam a possibilidade de vencer logo na primeira volta, o agora candidato Gouveia e Melo (antigo militar que ficou conhecido pela sua atuação na campanha de vacinação) teve na apresentação da sua candidatura várias figuras ligadas ao PSD e a saúde mas esta candidatura é vista como independente e pretende «Unir Portugal» (sempre o mesmo slogan). No seu primeiro discurso como candidato, Gouveia e Melo defendeu que o país não deve viver em ciclos curtos (com eleições seguidas em três anos) e lamentou a «nuvem negra» que se abate sobre o país não só devido ao que se passa no exterior mas também «dentro de portas». O antigo militar vê os portugueses cansados, desanimados e desencantados com o atual estado da democracia portuguesa.
A apresentação da candidatura do antigo chefe do Estado-Maior da Armada e ex-coordenador da task force da vacinação contra a covid-19 aconteceu na Gare Marítima de Alcântara. O seu opositor, Marques Mendes, já apelidou o antigo militar como «D. Sebastião» (aquele que voltaria numa manhã de nevoeiro para salvar os portugueses). Henrique Gouveia e Melo (de 64 anos) aponta como os principais problemas a pobreza estrutural, uma economia fragil ou jovens altamente qualificados que são obrigados a emigrar para terem salários melhores.
Caso Gouveia e Melo, que não tem experiência política, conseguir ganhar será o segundo militar de carreira a chegar a presidente da República depois do 25 de Abril de 1974. O primeiro presidente em democracia é Ramalho Eanes, militar que esteve ligado ao 25 de Novembro e deteve Otelo Saraiva de Carvalho. Gouveia e Melo pretende ser «um presidente estável, confiável» e diferente de Marcelo.
Olhando para a esquerda, em especial o PS, ainda é tudo uma incógnita e o único candidato (ainda conhecido) ao lugar de secretário-geral do Partido Socialista, José Luís Carneiro, pede que os presidenciáveis avancem. António José Seguro, António Vitorino, Sampaio da Novoa (que caso avance será a sua segunda candidatura) e Augusto Santos Silva são alguns dos nomes falados mas de todos o único que levantou a possibilidade de ser pré-candidato é António José Seguro, antigo secretário-geral do PS e sucessor de António Costa.
Estas eleições são vistas quase como de terceira linha já que o partido tem que recuperar da terceira pior derrota da sua história e tem as autárquicas já no fim deste ano, com Alexandra Leitão a concorrer para Lisboa.