Apresentada sondagem secreta feita em Espanha sobre o 25 de abril de 1974

Sondagem foi feita durante o período franquista e a sua apresentação faz parte do programa de celebração dos 50 anos da revolução

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A ditadura franquista olhou para a Revolução dos Cravos com alguma preocupação, como demonstra a sondagem secreta feita em outubro de 1974. Esta sondagem, que foi classificada como secreta até este ano, pretendia que os espanhóis dessem a sua opinião sobre a revolução portuguesa que trouxe de volta a democracia. A sondagem de opinião, dada a conhecer agora pelo Centro de Investigações Sociológicas de Espanha, foi realizada na década de 70 nas cidades de Madrid e de Barcelona.

A sondagem, feita após a demissão do general Spínola da presidência da república portuguesa (feita quase um mês antes do 25 de novembro), tinha cinco pontos e foi feita a 1.102 pessoas. Muitos temeram que a saída de Spínola podia fazer com que a revolução portuguesa perdesse o seu cariz democrático e que derivasse para uma versão cubana. Vários estados temiam que Portugal vira-se uma Cuba em pleno solo europeu e que o seu Fidel Castro fosse Otelo Saraiva de Carvalho (um dos heróis de abril).

Estas pessoas foram questionadas sobre se sabiam onde tinha havido uma revolução em abril e se pensavam que esta mudança beneficiaria ou prejudicaria o país. Os questionados, na sua maioria varões com um alto nível de educação, apresentaram uma simpatia e otimismo pelas mudanças políticas que aconteceram em Portugal e como estas, num futuro não muito longínquo (apenas 1 ano), acabaram por influenciar o reino de Espanha. Muitos espanhóis na altura viajaram para Portugal para verem, no terreno, este movimento de liberdade.

Numa sociedade em que vivia ainda sob um jugo que censurava a imprensa, o facto de 48% dos inquiridos saberem que em Portugal houve uma revolução, e que simpatizavam com a mesma, é um número expressivo. A conclusão foi vista pelos membros do governo franquista de formas diversas. Este e outros documentos foram divulgados para assinalar os 60 anos deste órgão, que é o sucessor do Instituto de Opinião Pública.

No caso da sondagem secreta, apresentada em colaboração com a embaixada em Madrid, esta faz parte da Programação Cultural Conjunta entre Portugal e Espanha para os 50 anos do 25 de abril.

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