O espaço da Cordoaria Nacional, em Belém, recebeu mais uma edição da Arco Lisboa. O evento acontece de 25 a 28 de maio. A Cordoaria Nacional é um dos exemplos mais notáveis da arquitetura industrial do século XVIII. As paredes deste espaço estiveram repletas de peças dignas de parar, ver e apreciar. Este evento, que teve a sua sexta edição, é uma parceria da IFEMA Madrid com a autarquia de Lisboa.
A Arco Lisboa é considerada um dos eventos culturais mais atrativos e interessantes da Europa. Durante quatro dias, a capital portuguesa, que se “vestiu” a rigor para esta ocasião (as bandeirinhas colocadas a volta de pontos estratégicos, como é o caso do Marques de Pombal, mostravam as boas-vindas dos lisboetas), tornou-se num lugar importante para artistas, galeristas e coleccionadores. Isto sem esquecer os amantes da arte contemporânea que tiveram a oportunidade de conhecer novos artistas de locais tão diversos como San Sebastian, Porto Alegre, Barcelona, Porto, São Paulo, Londres ou Luanda.
Se existiram galerias que participaram pela primeira vez, como foi o caso da Fernando Pradilla, outras regressaram após uma pequena pausa, como é a Fernández-Braso. As galerias internacionais presentes foram especialmente oriundas da Europa e de África. A Arco Lisboa foi apresentada em três áreas, mais um espaço especializado em publicações literárias dedicadas a arte. A Atlas Editorial (da Cidade do México), ArtsLibris (Barcelona) e a Caja Negra (Buenos Aires) foram algumas das editoras presentes no torreão nascente da Cordoaria Nacional.
Arco Lisboa, um espaço de encontro cultural
Também havia espaços de encontro para todos os que visitassem a Arco Lisboa. A feira reuniu as propostas artísticas de 86 galerias de 23 países. Houve um aumento de 32% comparando com o ano passado. Foi a maior Arco Lisboa de sempre.
Se a Arco funciona como uma plataforma para que os novos artistas se mostrem, também era possível encontrar nomes mais consagrados, como é o caso das portuguesas Fernanda Fragateiro ou Maria Helena Vieira da Silva.
Muitos dos artistas presentes explicaram por viva voz o que está por detrás das suas obras. As obras apresentadas na Arco Lisboa foram feitas usando técnicas tão diversas como os lápis de cera, a pintura sobre acrílico, a escultura (de vários tamanhos), as instalações sonoras (numa delas, em Tupi, pede-se que os cineastas brasileiros não deixem de sonhar pois é no sonho que encontramos o futuro de qualquer país), o croché ou os desenhos com palavras.
A cor e a escuridão uniram-se para criar arte. O objetivo era fazer pensar, refletir, independentemente do meio utilizado. Na Arco era possível ver a arte feita em Portugal em diálogo não só com o que se faz em Espanha (quem visitou esta feira facilmente encontrava pessoas a falarem em espanhol, francês ou inglês) mas sim com toda a Europa. Esta visão europeísta era demonstrada numa fotografia a cores da autoria de um artista português. Na fotografia vemos uma pessoa, do sexo masculino, com a bandeira da Europa na mão enquanto descansa numa piscina. Muitos de nós ainda olhamos para a Europa como algo longínquo e que só serve para nos dar uma boa qualidade de vida, sem termos um sentimento de pertença tão forte como temos com os nossos países. Em contraste, na secção dedicada a África, o “inferno” tinha a sua casa numa antiga base militar.
Tudo e todos podem transformar-se em arte, incluindo um presunto parcialmente comido pendurado no teto, uma imagem de Cristiano Ronaldo, um puzzle de um edifício bombardeado ou bordados com frases associadas ao movimento Zapatista. Juan Burzola refletiu sobre a importância da tauromaquia na cultura ibérica num quadro ao estilo cubista. A arte deve dar a conhecer às gerações presentes e vindouras as suas raízes culturais.