Está aberta, também em Portugal, uma consulta pública sobre a construção de um novo espaço na central nuclear de Almaraz. Pretendem construir, nesta central, um armazém temporário individualizado. Este vai ficar perto do Tejo e a 100 kms de Portugal. No depósito que vai ser construído vão ser depostos resíduos altamente perigosos que habitualmente costumam ser enviados para outras latitudes. Os resíduos radioactivos vão ser armazenados em piscinas de combustível irradiado. Posteriormente, estes resíduos vão ser colocados num Armazém Geológico Profundo. O perigo de acidente nuclear é algo que sempre esteve sobre as nossas cabeças. Um possível acidente poderia contaminar a água do Tejo, o maior rio ibérico.
Mesmo estando perto da idade limite, a central continua a produzir. Este será o princípio do fim da central nuclear de Almaraz. Sobre esta construção, as autoridades espanholas defendem que Portugal não vai sofrer nenhum impacto ambiental. O novo espaço na central de Almaraz vai receber metade dos resíduos nucleares produzidos em Espanha.
Não haverá alterações na vegetação, fauna ou na disponibilidade da água a superfície. O único potencial efeito, segundo o documento apresentado pelas autoridades espanholas, é a «irradiação externa dos trabalhadores e do público que se encontre nas proximidades». O que para Portugal será insignificante. Os estudos espanhóis indicam que as taxas das doses originadas pelo novo armazém diminuem com a distância. Um dos medos expressos do lado português é o de um possível impacto nos espaços que pretencem a Rede Natura 2000.
A consulta pública vai estar aberta até Setembro. A Agência Portuguesa do Ambiente é um dos organismos que está a avaliar este projeto. A avaliação ambiental estratégica mandada fazer pelo governo espanhol foi positiva, o que deverá permitir esta construção. Apesar desta nova construção, o Governo espanhol pretende encerrar as suas centrais nucleares até 2035 (Portugal não as têm). A central nuclear de Almaraz é explorada pelas elétricas Iberdrola, Endesa e Naturgy e está a operar desde 1983. O renovável tem cada vez mais peso na produção da energia em Portugal, no último ano o país conseguiu viver uma semana inteira e exportar energia para Espanha usando apenas meios renováveis.
Apesar da vontade de desativar as centrais existentes, especialistas levantam a possibilidade de energia nuclear ibérica no futuro como forma de baixar custos na produção de energia. Possibilidade que não é do agrado do movimento anti-nuclear ibérico.