Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima atrai participantes ibero-americanos

“Jardins Saudáveis” é o mote da edição deste ano, que começou em maio e termina no final do próximo mês de outubro

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Promover a criatividade e a inovação na construção de um jardim, evidenciando a diversidade de soluções e sensibilidades. É com este foco que o Festival Internacional de Jardins se instala ano após ano em Ponte de Lima, nas margens do rio que dá nome à vila. São 11 as propostas que podem ser visitadas nesta 18.ª edição do certame, provenientes dos mais diversos países, incluindo Argentina, Brasil, Espanha e Portugal.

Apesar de os arquitetos serem quem geralmente mais adere à iniciativa, “qualquer profissão pode participar”, afirma Eva Barbosa, técnica superior do Município limiano e responsável pelo espaço, que destaca a adesão de “engenheiros florestais e estudantes”. A idade também não é obstáculo, já que, paralelamente ao concurso geral, é aberto um concurso para as escolas do concelho, responsáveis por outros 11 jardins.

Este ano, o tema escolhido pelo júri do festival incide sobre os «Jardins Saudáveis». Um tema “da atualidade”, nas palavras da responsável, e que reflete sobre a passagem por uma pandemia, dando azo a “muitas interpretações”. Como é o caso do «Jardim da Reflexão», proposta conjunta do arquiteto brasileiro Andrei Morais e do paisagista espanhol Dani Vilana, ou do jardim «Viva la Vida», concebido pela paisagista argentina Victoria Magnano, radicada em França.

Entre as propostas selecionadas está também o jardim «Bom Site», da espanhola Luz Morgade, que revelou ao EL TRAPEZIO ser a primeira vez que trabalha em Portugal. “Este é mesmo o primeiro trabalho”, disse, “apesar de eu ter estudado em Vila Nova de Cerveira e de ter colegas portugueses com quem mantenho boas relações”.

Para o Festival Internacional de Jardins, a arquiteta de Vigo trouxe uma ideia relacionada com “uma parte importante” do seu trabalho habitual: a bioconstrução. “É uma maneira de fazer uma arquitetura mais saudável e ecológica”, que procura, antes de tudo, uma prospeção adequada do sítio onde se vai construir. “Encontrar o bom sítio”, daí o nome da obra, que começou com um “estudo geobiológico” e mostra à superfície, através de grelhas metálicas e outros recursos, quais seriam os melhores sítios para se construir naquele local e onde se localizam as linhas de água subterrâneas.

“Quis fazer um jardim que pudesse divulgar esta arquitetura sustentável e provocar nas pessoas a inquietude de procurar o bom sítio para construir, o mais saudável”, concluiu Luz Morgade, acrescentando que decidiu instalar bancos no local para “sentar e descansar em zonas de ‘bom sítio’, afastadas das alterações” do terreno. Uma preocupação que, apesar de atual, não é de hoje. “Já os romanos e os celtas conheciam este tipo de construção”, explicou. “Que aconteceu? Fomo-nos desconectando da natureza e interessando-nos por construções massivas, feitas com materiais que, muitas vezes, prejudicam o ambiente”.

Também a organização do festival partilha deste olhar para a sustentabilidade. “Depois de encerrar cada edição”, salienta Eva Barbosa, “desmontamos os jardins com muito cuidado para reaproveitar plantas e materiais”. O próprio evento, recorda, surgiu em 2005 no âmbito de um projeto de valorização das margens do rio Lima. Inspirado no festival de Chaumont, em França, o espaço foi adaptado para o certame e “manteve as estruturas já existentes”, como são exemplo as árvores de fruto, a vinha, as ramadas, oliveiras e vários equipamentos e engenhos.

“O que é certo é que o nosso trabalho já inspirou também outros festivais, como é o caso de Allariz, em Ourense”, garante a técnica responsável, que nota ainda a grande afluência “todos os anos” de visitantes espanhóis. “Temos muito bons acessos à vila, o estacionamento é fácil, a comida é boa e a paisagem é bonita”, destaca, o que a faz esperar a vinda de “mais gente” até ao final da edição, já em outubro.

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