Ministro da Defesa de Portugal falou sobre a «Olivença portuguesa» e fez estalar as conversações sobre esta localidade raiana

Políticos de Olivença, tanto os atuais como os do passado, preferem vincar a identidade única de uma localidade que é "neta de Portugal e filha de Espanha"

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O ministro da Defesa de Portugal, Nuno Melo, afirmou que a localidade de Olivença é «portuguesa», que o país não abdica deste direito mas também defendeu que as suas afirmações não são nenhuma provocação ao Governo de Madrid. Que ao contrário do português é de esquerda mas com o qual as relações são excelentes.

Uma devolução desta localidade a Portugal parece pouco realista mas a verdade é que as declarações de Nuno Melo fizeram com que se falasse sobre este tema, que nada tem a ver com Gibraltar, tanto em Portugal como fora. Estas declarações foram prestadas um mês antes da próxima Cimeira ibérica, que vai acontecer no Algarve e onde estarão presentes Luís Montenegro e Pedro Sánchez (para além de vários ministros).

Já enquanto era eurodeputado tinha falado sobre a questão de Olivença. A declaração de Nuno Melo, monárquico convicto, foi prestada em Estremoz perante o Regimento de Cavalaria nº3 (com 317 anos), onde fez o serviço militar e é conhecido como Dragões de Olivença. Na rede social X, Nuno Melo escreveu que a sua opinião sobre Olivença «não vincula o Governo» e foi dada «como presidente do CDS» (este partido faz parte da coligação da AD, que lidera o Governo português) mas admite que as suas declarações numa cerimónia como ministro foi inoportuna e não deveriam ter sido feitas.

Esta é uma cidade raiana, com 12 mil habitantes, reivindicada por Portugal. A fronteira ibérica é a mais antiga e em paz da Europa. O autarca de Olivença, Manuel José González Andrade, criticou um discurso que divide e é de séculos passados. Onde se pensava em territórios e não pessoas. O autarca lembrou que na sua terra trabalha-se «para aquilo que nos une, que é muito mais do que aquilo que nos separa numa fronteira que está misturada há décadas». Olivença tem uma identidade única em todo o território ibérico e com um grande potencial. O Grupo de Amigos de Olivença saudou a volta deste tema para o espaço mediático. A história de Olivença vai de D.Dinis mas a sua cultura é claramente ibérica, pois mesmo estando na Extremadura tem nas suas ruas calçada portuguesa, colocada por autoridades espanholas. Guillermo Fernández Vara, antigo presidente da Junta de Extremadura, também usou as redes sociais para reforçar o facto de os naturais de Olivença se sentirem «filhos de Espanha e netos de Portugal». Muitos são os oliventinos com dupla nacionalidade e que votam quando há eleições em Portugal.

O lider do PS, Pedro Nuno Santos, considerou graves e inusitadas as declarações de Nuno Melo sobre a Olivença «portuguesa». Declarações que teme que tenham impacto nas relações diplomáticas ibéricas. Já Nuno Melo acusa Pedro Nuno Santos de não reconhecer a soberania portuguesa de Olivença. Outra localidade raiana, desta vez do lado português da fronteira, com uma grande marca ibérica é Barrancos. As duas localidades fizeram percursos opostos e em recentes declarações, prestadas durante as festas locais, a população afirmou não ser portuguesa ou espanhola mas sim dê Barrancos. No concelho mais pequeno do país vive-se com a calma típica do Alentejo e dança-se flamenco depois das touradas (estas são de morte, tal como em Espanha). Olivença e Barrancos são dois casos raianos bem especiais.

Tanto o PM como o MNE não prestaram declarações sobre este incidente. Marcelo Rebelo de Sousa também não comentou as declarações do ministro da Defesa sobre Olivença.

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