Natália Correia, cem anos de uma mulher a frente do seu tempo

Da programação de iniciativas que celebram o centenário da autora iberista fazem parte visitas guiadas a locais que marcaram a sua vida

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Há 100 anos nascia, na ilha açoriana de São Miguel, um dos nomes maiores da criação literária, no feminino, do último século, Natália Correia. O centenário do seu nascimento está a ser celebrado um pouco por todo o país e a freguesia onde nasceu, Fajã de Baixo, deu o “pontapé de partida” para estas celebrações. O espólio que deixou nos Açores deu origem ás exposições “Natália Correia – Libertação e Absoluto” e “Natália Correia: Do Universo Íntimo – ambientes e arte”. O Parlamento açoriano aprovou uma saudação pelo centenário de Correia.

Para além do trabalho literário, onde demonstrava orgulhosamente quem era (uma força da natureza), teve uma intervenção política de salientar ns bancada da AD.  Mesmo em pleno parlamento, Natália escrevia os seus versos. Ela nunca se adaptou ao parlamento e fez com que os seus colegas deputados se adaptassem a ela. Para a autora, a cultura era inseparável da  política.

As suas palavras faziam furor nas famosas tertúlias que oferecia na sua casa ou no Botequim da Graça, que se mantém tal como ela o “deixou” há mais de três décadas. Natália foi, em 1971, uma das fundadoras deste espaço com outras mulheres de vanguarda. Natália Correia é um dos nomes  maiores da literatura em língua portuguesa que merece ser conhecido e passado para as próximas gerações.

Para comemorar os seus 100 anos vale a pena ler (ou reler) a sua poesia completa que pode ser encontrada em  O Sol nas Noites e o Luar nos Dias ou a biografia O Dever de Deslumbrar. Natália Correia chegou a ser a autora mais censurada pelo Estado Novo. O porte altivo e o  espírito indomável da açoriana parava o Chiado, o bairro da Graça ou o hotel Imperium (actual Britânnia). Foi neste hotel que viveu enquanto escrevia a peça O Encoberto. Nestes locais ainda ecoam as palavras de uma das mulheres que usou a sua voz para lutar contra o fascismo e para defender os direitos humanos.

A autarquia lisboeta, um dos locais onde as celebrações serão mais vividas pretende-se dar as conhecer as diversas facetas da mulher e da sua obra através de concertos, espectáculos teatrais, exposições ou visitas guiadas. A Casa-Museu Fernando Pessoa foi um dos locais que recebeu um espectáculo dedicado aos 100 anos da escritora e que contou, também, com o  músico micaelense Mário George Cabral. Mesmo vivendo em Lisboa, a sua paixão pelos Açores era sempre presente.

O programa de celebrações em Lisboa vai estender-se até 2024. Princípios como a liberdade, a independência a e a solidariedade humana foram valores que nutriu até ao dia em que deu o seu último suspiro. A Assembleia da República realizou uma evocação da figura de Natália Correia. Helena Roseta, que foi muito próxima desta poetisa, participou nesta evocação.

Natália Correia era uma mulher a frente do seu tempo e com uma visão do mundo que se mantém muito actual.

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