A Princesa das Astúrias, Leonor de Borbón, fez a sua primeira visita oficial como herdeira ao trono de Espanha a Portugal, tal como o seu pai, o atual monarca, fez em 1991. Esta viagem foi visto como uma primeira prova que a princesa teve num momento em que começa a adquirir novas funções ao serviço da coroa espanhola. Um novo marco antes de continuar com a formação militar. Esta foi uma visita simbólica pois Portugal também teve uma rainha Leonor e foi numa visita dos anteriores príncipes das Astúrias que se soube da gravidez de Letizia e que a menina teria este nome. O vínculo com a família real espanhola continua a ser estreitado.
A escolha de Portugal para a primeira viagem oficial da Princesa «reflecte e fortalece os laços de fraternidade e proximidade que unem os dois países», lembrou a Presidência da República. Nesta visita, Leonor foi acompanhada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha, José Manuel Albares, e pelo seu congénere português, Paulo Rangel, que considera esta visita um orgulho para Portugal. Na rua em frente ao palácio ouvia-se gritos de «Portugal, Espanha!».
Esta foi uma visita acompanhada de perto tanto pelos meios de comunicação ibéricos como do povo que estava em Belém e teve a oportunidade de ver o cortejo oficial com os cavalos da guarda de honra que acompanharam a princesa e o presidente português até ao Mosteiro dos Jerónimos. Com um look Carolina Herrera, a herdeira da coroa espanhola brilhou em Portugal em tons de vermelho, uma homenagem a rainha Lerizia. A princesa Leonor lembrou que esta viagem era um desejo antigo. Pretende, na mensagem que deixou no Palácio de Belém, «um desejo cumprido de poder estreitar a união sincera e frutífera dos nossos dois países».
No Mosteiro dos Jerónimos, foi depositada uma coroa de flores na tumba do poeta maior da língua portuguesa, Camões. Foi sempre em português, mesmo que falando um pouco mais devagar, que Marcelo Rebelo de Sousa falou com a princesa Leonor. Todo o encontro foi marcado por momentos de doçura, com um beijo na mão, no rosto ou os agradecimentos em português.
No Palácio de Belém, a princesa passou revista às tropas, teve um encontro com o presidente, assinou o livro de honra deste palácio (que tem mensagens de várias personalidades, incluindo Lula da Silva) e foi até a varanda admirar a vista que o Tejo (que nasce em Espanha e desagua em Portugal) tem para oferecer. Tal como foi atribuído nesse já longínquo ano a Filipe (na altura pelo presidente Mário Soares), a princesa Leonor recebeu das mãos do presidente português a Grã-Cruz da Ordem de Cristo. A Ordem destina-se a distinguir figuras que prestaram serviços ao país de funções de soberania. Esta condecoração remonta à Ordem de Cristo, cuja sede estava no Convento de Cristo, em Tomar.
A visita de Leonor foi feita a convite do presidente Marcelo Rebelo de Sousa. Na primeira deslocação da jovem princesa ao estrangeiro em papéis oficiais a agenda foi focada na preservação dos mares. Tópico bastante querido em ambos os países. No almoço dado em sua honra, no Palácio de Belém, a princesa brindou à amizade de Portugal e Espanha e afirmou sentir-se em casa. Também lembrou a longa ligação que a família tem com o país, já que foi aqui que viveu o D. Juan e o rei emérito, Juan Carlos, e foi o local escolhido pelos seus pais, os reis Filipe e Letizia, para realizarem a sua primeira visita como monarcas, há dez anos.
«Portugal e Espanha partilham uma vizinhança que vai muito mais além do que a mera proximidade geográfica. É uma vizinhança que abarca muitas dimensões e que se traduz numa amizade sincera e de respeito profundo e mútuo entre os dois países», lembrou Leonor. Este foi o primeiro discurso que fez fora de Espanha (foi feito em português e espanhol), poucos dias depois da entrega dos prémios Princesa de Girona.
Já Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que Leonor é «amiga mais que amiga: irmã». O presidente português espera que a amizade entre Portugal e Espanha seja «para sempre». Uma «eterna e indelével aliança» ibérica. Depois da presença no palácio seguiu-se a participação numa mesa-redonda no Oceanário, onde conviveu com algumas crianças e apelou a consciência dos mais jovens sobre o nosso futuro e do nosso planeta. O presidente pediu uma ação urgente em relação aos oceanos. As lontras são dois dos animais mais icónicos do Oceanário de Lisboa, que fica no Parque das Nações.
No fim desta visita voltou ao aeroporto de Figo Maduro para regressar a Espanha.
