A Fundação Biblioteca Nacional do Brasil (FBN), vinculada ao Ministério da Cultura (MinC), recebeu, na manhã da última sexta-feira (05/09), a visita da vice-ministra de Estado para a Ibero-América e Caribe e Língua Espanhola, Susana Sumelzo Jordán, da embaixadora da Espanha no Brasil, María del Mar Fernández-Palacios Carmona, e comitiva que incluiu o diretor do Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Salamanca, José Manuel Santos. O grupo se reuniu com o presidente da FBN, Marco Lucchesi, com o chefe de Gabinete, Oscar Gonçalves, e com o coordenador do Projeto Resgate Barão do Rio Branco, Luciano Figueiredo.
Durante o encontro, foram debatidos os termos de um memorando entre o Governo espanhol e a FBN para a contribuição da Espanha ao Projeto Resgate, dedicado à digitalização e disponibilização ao público, na internet, de documentos referentes ao Brasil Colônia.
O coordenador Luciano Figueiredo fez uma breve apresentação do Projeto, ressaltando sua importância para pesquisas acadêmicas, para o estudo da história do Brasil em escolas, e até mesmo sua contribuição para diversas comunidades indígenas e quilombolas no sentido do reconhecimento das posses de suas terras: em alguns casos, documentos do Projeto Resgate foram utilizados como provas da presença de antepassados dessas comunidades em determinadas localidades.
“Este é um projeto que não encontra semelhantes no mundo. Hoje, temos 1 milhão de páginas que são consultadas por pesquisadores de todo o globo. Ele possibilita que estudantes que não têm condições de ir até a Europa possam pesquisar esses documentos nas telas de seus computadores. É uma forma de difusão do conhecimento, não apenas para a academia: ele fala com a população, como um todo, sobre nosso passado”, afirmou Luciano Figueiredo. O presidente da FBN, Marco Lucchesi, celebrou o encontro:
“Mais um passo fundamental para aprofundar o Projeto Resgate, que representa a soma de gerações de pesquisadores brasileiros, hoje sob a curadoria do professor Luciano Figueiredo – cujo conhecimento das fontes históricas do Brasil é a garantia de um trabalho orgânico, profundo e articulado. Tudo isso honra a Biblioteca Nacional, o Brasil, os valores democráticos, a partir da difusão do conhecimento, que norteia a missão da Biblioteca Nacional”, afirmou.
Brasil e Espanha: passado e futuro
Na reunião, o diretor do Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Salamanca, José Manuel Santos, afirmou que a Espanha é o segundo país no mundo com a maior quantidade de documentos referentes ao Brasil Colônia, atrás apenas de Portugal. Durante o encontro, ficou acertada a elaboração do memorado que será o marco inicial das tratativas para a cooperação espanhola junto ao Projeto Resgate Barão do Rio Branco.
“É o início de uma possibilidade de colaboração sobre o estudo da história comum do Brasil e da Espanha, importantíssimo para colocar à disposição dos cidadãos de ambos os países esse passado comum. Hoje o mundo tem novos desafios, que os países precisam enfrentar conjuntamente. Esse futuro compartilhado se reflete em valores comuns – como a democracia e o multilateralismo – e o encontro de hoje vai nos ajudar a aprofundar e reconhecer esses valores”, afirmou a embaixadora da Espanha no Brasil, María del Mar Fernández-Palacios Carmona.
A vice-ministra de Estado para a Ibero-América e Caribe e Língua Espanhola, Susana Sumelzo Jordán, ressaltou os laços que unem os países: “Brasil e Espanha são dois países irmãos, estratégicos. Para nós, o Brasil é importantíssimo culturalmente, socialmente. E temos algo que nos une: são dois idiomas globais. Mais de 850 milhões de pessoas falam português e espanhol no mundo. Então, a língua e a cultura nos unem. É uma grande satisfação estabelecer métodos de trabalho entre o Governo da Espanha e a Biblioteca Nacional”.