Entrevista com Armandinho Macedo e Fernando de la Rua, artistas brasileiros

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O mês de julho nos reservou muita diversão após meses de confinamento, recordamos um encontro musical incrível entre Espanha e Brasil, uma apresentação única de Armandinho Macedo e Fernando de la Rua, ocorrido no dia 16 de julho no emblemático Café Berlin em Madrid. Aproveitamos a oportunidade para entrevistar esses grandes dois artistas.

O compositor, instrumentista e cantor, Armandinho Macedo é um dos grandes nomes da música brasileira e baiana. Com 58 anos dedicados à música é uma referência do Carnaval da Bahia foi homenageado em numerosas ocasiões em canções de músicos como: Caetano Veloso com a canção «Armandinho» e Baden Powell com a canção «Um Hug no Trio Elétrico».

Sua carreira artística começou no Brasil dos anos 70, quando formou o grupo «A Cor do Som», a banda foi uma das primeiras do Brasil a misturar a música regional com o rock gerando um grande sucesso.

Sobre esse processo nos responde:

Vem desde menino, eu comecei a ouvir Beatles com 14 anos, foi uma paixão, uma época que eu parei um pouco com o chorinho, o frevo e o violão, para fazer a guitarra, para tocar igual. A partir desse momento dou início aos meus conjuntos de ieie, de rock.

Comecei a fazer do meu cavaquinho e bandolim, uma guitarra mesmo. Fiz essa renovação do cavaquinho do meu pai, que é o cavaquinho do trio elétrico e transformei ele em uma guitarra e nomeei de guitarra baiana e inclui mais uma corda, eram 4 eu botei 5, eu botei 10 cordas no bandolim.

Então passei a mudar a história do instrumento em si, a fazer uma renovação estrutural. Além do som que eu fazia, que aparte da fusão com o rock e outros ritmos, é um som muito característico e diferenciado, que eu chamo da música trieletrizada, a música que vem do trio elétrico.

Sou formado por essa mistura, sendo que eu já dominava o elétrico, antes da guitarra, antes de chegar Beatles, Hendrix, eu só fui incorporando o conhecimento que eu tinha desse estilo musical ao frevo ao chorinho.

Com o projeto a Cor do Som, Armandinho gravou álbuns, várias turnês durante anos no Brasil, pela Europa e Estados Unidos e uma apresentação no Festival de Montreux, na Suíça, em 1978.

Desde então, conquistou os palcos internacionais, tendo atuado em mais de 20 países da África, América e Europa. Atualmente, a banda se apresentou em todo o Brasil e acaba de ganhar o Grammy Latino 2021 na categoria Melhor Álbum de Rock ou Música Alternativa em Português.

Sobre a receita de sucesso na carreira internacional nos responde:

Temos uma ligação com a música do mundo, a música eletrônica, a guitarra, o pop, o rock, unidos ao frevo, ao trio elétrico, toda essa fusão gera um conhecimento melhor com o resto do mundo.

Com Armandinho, Dodô e Osmar, temos uma coletânea de discos nossos, formamos a nossa banda como se fosse o frevo rock, o frevo pop. Na música baiana, a gente deu uma outra linguagem ao trio elétrico, que abriu caminho para todo esse Axé Music que veio depois. É a ligação com o todo, com o mundo, eu acho que isso daí é o que faz a gente ser ouvido dessa forma, como forma atual no mundo inteiro.

No decorrer da sua trajetória musical, lançou mais de 40 discos, seja solo, com parceiros ou com as suas bandas. Compartilhou o palco com artistas do nível de Gilberto Gil, Gal Costa, Fafá de Belém, Daniela Mercury, Carlinhos Brown, Stanley Clarke, etc.

Nosso segundo artista é Fernando de la Rua, um guitarrista hispano brasileiro, residente em Madri há 22 anos, grande conhecedor da música flamenca e ganhador de numerosos prêmios.

Sua vida profissional e pessoal está unida pelos dois países, faz turnês tanto pela Espanha e pelo Brasil, atuando sempre com grandes músicos, além de realizar seus projetos pessoais. Conhecemos um pouco mais desse artista:

Sou um guitarrista (violonista) flamenco, a minha linguagem está basicamente entre o flamenco e a música brasileira. Sou um guitarrista flamenco de baile, um musico especializado em flamenco, que toca acompanhando a dança.

Nos conta como foi o processo de conhecimento da linguagem, flamenca.

Comecei no Brasil, por influência familiar, tenho uma herança cultural por parte da minha família paterna, meu pai é espanhol, imigrante no Brasil, com conhecimento em folclore espanhol, ele toca bandurria e meu avô paterno tocava um pouco de flamenco em Madrid.

Me interessei por flamenco na Casa de Espanha em São Paulo, no final dos anos 80 quando conheci filhos de imigrantes espanhóis como eu, que participavam de movimentos culturais

Nessa época que eu tive um clique na minha vida musical, meu pai me deu de presente uma fita k7 do Paco de Lucia, Fuente y Caudal. Eu já tocava um pouco de violão clássico, um pouco de violão popular, mas essa época, foi um ponto de inflexão na minha vida musical, e eu comecei a investigar e conhecer um pouco mais essa linguagem, a flamenca.

Conheci a minha esposa Yara Castro, e minha sogra tinha um grupo de dança flamenca, eles usavam música gravada, estávamos buscando um guitarrista para eles dançarem com música ao vivo. A gente se encontrou na Casa da Espanha, eu comecei a me aprofundar e me especializei em guitarra flamenca para baile, ou seja, tocando para dança mesmo.

Seu trabalho com a música gerou grande reconhecimento e numerosos prêmios, como: «Melhor música para dança» do Certame de Coreografia, Dança Espanhola e Flamenco» (2004), Autor Revelação da «Academia da Música» de Madri (2011) e «Prêmio da Música» da «Revista Brasil com Z» em Madri (2014).

Paralelamente eu tenho meu trabalho, de composição de música, que sai de uma forma hibrida sempre, brasileira flamenca uma vez morando aqui na Espanha, a partir do ano 2000, comecei a, voltei a investigar música brasileira, por isso a minha guitarra sai um pouco flamenca e brasileira.

Fernando de la Rua atuou nos principais festivais de música e dança da Europa, América e Ásia, como: Concertgebouw Theatre (Amsterdam), Joyce Theatre (Nova York), Shinjuku Bunka Center (Tóquio). Álbuns: Matices (2011) e Aural (2018). Projetos: Saudade Flamenca, Los Choros de Madri, Duo Bagua, Regional Matuto.

Atualmente faz parte do claustro de professores do «Conservatório Superior de Danza Maria de Ávila» de Madri, sob a coordenação na área de Flamenca de Bailadora e a coreógrafa Rafaela Carrasco e o guitarrista e compositor flamengo Jesús Torres.

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