A cerimónia oficial da praça do Município, em Lisboa, voltou a receber as cerimónias oficiais do 5 de outubro. Depois de dois anos em que os discursos oficiais tiveram de ser realizados no Salão Nobre do edifício da autarquia e o povo não pode estar presente, as comemorações da Implantação da República voltaram a ser o que eram. Na primeira vez nesta cerimónia como presidente de Lisboa no ativo (no ano anterior já tinha sido eleito, mas ainda não tinha tomado posse), Carlos Moedas lembrou que Portugal é um país que caminha para os 900 anos.
Um país que tanto é um cais de embarque, mas também é um ponto de chegada. Portugal é uma nação claramente marítima que deve liderar a Europa, mais uma vez, a olhar para o mar. Para o autarca, é necessário aprender com as conquistas, mas também com os falhanços que a república teve nos últimos 112 anos. Portugal continua a não ser um país tanto para “velhos” como para jovens, já que estes últimos são os que mais tarde saem da casa dos pais em toda a Europa.
«Os tempos exigem mais de nós. Exigem audácia e não resignação», lembrou no seu discurso Moedas. É necessário vontade e engenho para resistir às atuais adversidades que Portugal e a Europa enfrentam, como é o caso da inflação ou do conflito que assola (de uma forma ou de outra) todo o continente. Carlos Moedas pede mais audácia e inspiração para superar a estagnação e defender os ideias da liberdade.
Já Marcelo Rebelo de Sousa começou o seu discurso comparando a situação que se vivia na altura da implantação da república com a atual. Este recuo no tempo serviu para alertar para o perigo dos ideais de extrema-direita que voltam a aparecer tanto na Europa como no mundo. Para o presidente, «nada é eterno em democracia» e como tal é necessário construir um novo futuro todos os dias. As insatisfações, marcadas no discurso anterior, são vistas como um sinal de força da democracia. «celebramos a liberdade, celebramos a democracia, celebramos a República», concluiu o chefe de estado.
A implantação da república trouxe a Portugal símbolos que até então não existiam, como é o caso do hino nacional (a sua letra foi escrita no período do Ultimatum inglês) ou da bandeira verde e vermelha. Muitos historiadores consideram o Tratado de Zamora, assinado por D. Afonso Henriques e o seu primo Afonso VII de Leão (também a 5 de outubro), a verdadeira declaração de independência de Portugal e o início da dinastia afonsina.