«Aqui ninguém foge», disse o autarca de Lisboa. Marcelo Rebelo de Sousa, que participou nos funerais das vítimas e enviou cartas de condolências aos chefes de Estado dos países que tiveram afetados, acredita que Moedas tem «responsabilidade política» mas a demissão não faz sentido. Os eleitores, que são chamados às urnas já em Outubro, é que vão avaliar se Carlos Moedas pode ser visto ou não como responsável pela queda do Elevador da Glória. Marcelo Rebelo de Sousa disse compreender que o presidente da Carris tenha posto o lugar à disposição e considera que Carlos Moedas “fez bem” em não aceitar, nesta fase do choque inicial.
André Ventura tinha dito que Carlos Moedas estava a esconder-se quando ao lado de Luís Montenegro não respondeu às perguntas dos jornalistas. Depois do acidente do Elevador da Glória e do luto municipal, Carlos Moedas deu a sua primeira entrevista (outras irão acontecer nos próximos dias). Carlos Moedas disse que a prioridade após «uma das situações mais difíceis que Lisboa viveu» foi estar no terreno ao lado dos lisboetas. Logo nas primeiras horas do acidente, os opositores acusaram Moedas de desviar 4 milhões de euros da Carris para a Web Summit. Moedas negou e disse mesmo que o orçamento desta empresa de transporte aumentou.
Carlos Moedas prometeu demitir-se se for provado que o acidente do Elevador da Glória decorreu devido a um erro da sua autoria. As vezes contrárias a Carlos Moedas lembram do pedido de demissão que ele fez a Fernando Medina com os dados que a Câmara de Lisboa passou ao Governo russo sobre cidadãos opositores a viverem em Portugal ou o acidente que aconteceu há vinte anos em Portugal. Na altura, caiu uma ponte e o ministro das Infraestruturas apresentou a sua demissão quase de imediato, pois se conseguiu provar que os pilares da ponte estavam frágeis pois foram retiradas areias. Será que a reeleição de Moedas estará em risco? As autárquicas vão acontecer no dia 12 de Outubro e no dia 15 de Setembro haverá o primeiro debate entre todos os candidatos. Este debate foi adiado por uns dias devido a luto municipal.
Depois do luto, pedem-se respostas
Os funcionários da Carris, que é uma empresa que tem como acionista a autarquia de Lisboa, já tinham apontado falhas na manutenção dos equipamentos. No dia do acidente, o elevador foi alvo de uma vistoria que não passou dos trinta minutos e o primeiro relatório aponta que o cabo de sustentação caiu e o condutor tentou puxar do travão mas o mesmo não funcionou. Desceu a ladeira a uma velocidade superior a 60 quilómetros. O relatório final da perícia deverá sair nos próximos 45 dias.
O Elevador da Glória chegou a transportar até 3 milhões de pessoas por ano. A opositora de Carlos Moedas às próximas autárquicas, Alexandre Leitão, acusou o autarca, depois da entrevista dada a SIC, de fazer um «exercício de Leitão acusa Moedas de fazer “exercício de desculpabilização” e de uma fuga para a frente. Esta acusação também é feita pelo antigo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos.
Quatro dias depois da tragédia do Elevador da Glória, e com alguns dos mortos já enterrados (e feridos levados para os seus respectivos países), a Câmara de Lisboa reuniu-se para discutir responsabilidades. PSD/CDS-PP na Câmara de Lisboa propõe novo sistema tecnológico para garantir segurança a um novo dispositivo (que nunca será igual ao elevador que caiu). A calçada da Glória entretanto voltou a abrir mas nos Restauradores está um memorial que tem atraído a atenção de todos, incluindo das embaixadoras de França e do Canadá, que também têm mortos a lamentar. Para além disto, foi proposto um site para garantir a transparência, um fundo de apoio às vítimas, um monumento e atribuir o nome do condutor a uma rua e a um novo equipamento da Carris.
A oposição critica saída de Moedas a meio da reunião. Acredita-se que tenha ido se reunir com a ministra da Saúde. Ainda alguns doentes estão internados nos hospitais da cidade.


