Francisco Requejo: “É de vital importância para a zona raiana que se chegue a acordos transfronteiriços”

EL TRAPÉZIO entrevista o presidente da Diputación de Zamora

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O presidente da Diputación de Zamora faz um chamamento para a cooperação com Portugal tendo em vista a próxima Cimeira de governantes, que terá lugar na Guarda, a 2 de Outubro.

Francisco Requejo, presidente da Diputación por Cs, ressalta a importância de manter estratégias conjuntas para enfrentar a despopulação da zona raiana, o que engloba a parte da província Oeste de Zamora e a zona Este portuguesa.

– Que iniciativas tem previstas a Diputación para fazer frente a despopulação da zona raiano-zamorana-portuguesa?

A Diputación tem como objectivo principal assentar população nos meios rurais e para tal é necessário fixar serviços. Para tal levamos a cabo várias iniciativas, uma delas é a assinatura, com a Junta de Castilla y León, de um protocolo para implementar internet em toda a província num prazo máximo de 3 anos.

Paralelamente, foi criada uma linha de subsídios aos empresários da província, a par de outra na qual se destina a apoiar a modernização dos negócios existentes.

Pretendemos estender ao mercado nacional e internacional os produtos como mel, castanhas ou vinhos da Serra de la Culebra e para isso criámos a EXQUISITEZA, que engloba todos os pequenos produtores que não se enquadram no D.O. PRODUTOS DE ZAMORA.

– Qual é o desafio demográfico enfrentado ao largo da fronteira?

Esse é um ponto que nos preocupa bastante, baixa natalidade conjugada com a elevada idade média dos habitantes da nossa província. Para eles estabelecemos ajudas onde estão incluídas Benavente e Toro, o que não aconteceu em outras alturas. O montante foi aumentado em mais de 150.000 euros. Até agora recebemos 250 solicitações, o que representa um aumento de 30% em relação a 2019.

O mais importante é criar empregos e fixar população no meio rural.

– Estão a ser levados a cabo acordos com Portugal na matéria do desenvolvimento?

Sim. Um dos pontos mais importantes é a dinamização e revitalização do PARQUE DE ALDEHUELA, que realizámos em colaboração com a USAL, com a CÂMARA DE BRAGANÇA e com o PARQUE CIENTÍFICO DO BRAGANTIA, com quem mantemos um estrito protocolo de acção. As obras começarão no início do ano. A nossa intenção é atrair jovens talentos que até agora não conseguiram desenvolver as suas carreiras profissionais na nossa área. Queremos que tenham um espaço baseado na I + D + i, com equipas de trabalho e recursos técnicos de primeira linha.

O nosso projecto estrela é a Silver Economy, para qual estamos a trabalhar muito de perto com Portugal e outras organizações da União Europeia.

Compartilhamos problemas com o país vizinho e portanto as soluções também devem ser acordadas em conjunto. Acreditamos que é necessário apostar na participação de Portugal, aumentar e estreitar as nossas relações, competindo em conjunto e seguindo a mesma estratégia. Devemos buscar soluções para um problema comum: o envelhecimento da nossa população. Ao mudar de perspectiva, o problema pode se tornar um nicho de oportunidades, gerando novos empregos e crescimento.

Um dos principais acordos é o denominado TERRITÓRIO SILVER ECONOMY, tema fundamental que foi abordado no I Congresso Internacional e que pretendemos alargar para a zona Centro-Norte de Portugal, de forma a enfrentar em conjunto os desafios do negócio e da inovação. Este território tornar-se-ia um nicho de mercado importante nesta zona de fronteira, com forte impacto em todos os sectores. Ressaltamos a necessidade de unir territórios que gerem espaços activos de desenvolvimento cooperativo. A nossa proposta seria abrir A REDE ZAMORANA DE ATENÇÃO À DEPENDÊNCIA E À TERCEIRA IDADE a toda a região Norte de Portugal, gerando uma estratégia que uni-se empresas, trabalhadores, instituições e universidades de ambos os lados da Raia, propocionando soluções às necessidades da fronteira.

Outro dos projectos em que estamos a trabalhar é o denominado CAMINHOS, que visa melhorar os percursos jacobinos do oeste peninsular valorizando o carácter fronteiriço através dos estudos de monumentos, edifícios históricos, recuperação de sinalética, etc.

– O que nos pode dizer sobre o estado de desenvolvimento em que se encontra a auto-estrada Zamora-Bragança?

Esse é um dos acordos mais importantes, pela desgraça neste tema devemos ser críticos com o governo pois para nós é uma via de desenvolvimento fundamental. Esta infra-estrutura reforçaria a economia com o país vizinho. Temos conhecimento que já está processado o estudo de impacto ambiental. Esperamos que o Governo comece a trabalhar logo que possível, dada a importância que esta ligação tem para as zonas de ambos os lados da fronteira luso-espanhola. Acreditamos no valor de fazer, por sua vez, a conexão de Alcañices, devido a altíssima sinistralidade  e enorme intensidade de tráfico que a N122 apresenta. A cooperação que buscamos não seria possível sem boas comunicações rodoviárias. Devemos passar das palavras às acções.

– Que impacto tem em Zamora e na zona da Raia os chamados Fundos Feder?

Pouco para não dizer nenhum. Sempre fomos excluídos dos Fundos Europeus. A capital penaliza-nos, procuramos outra forma de distribuição mais justa, consideramos por regiões ou localidades, não tanto por províncias como acontece neste momento. Acreditamos que seria mais benéfico para a nossa comarca. Esta janela foi aberta no quadro europeu, pelo que esperamos que seja tida em consideração na tomada de decisões.

Enquanto a este câmbio de estratégia, estamos em contacto com as outras Diputaciones para que sejam estas instituições a gerirem estes fundos, pois somos nós quem realmente conhecemos os territórios e podemos fazê-los chegar de forma mais directa e eficaz.

– Que perspectivas tem para a próxima Cimeira de presidentes que se celebrará na Guarda a 2 de Outubro?

O nosso maior desejo é que se tenha em conta Zamora e a sua província. Temos que ser reivindicativos com as nossas necessidades. Encabeçamos a lista do envelhecimento e do desemprego de toda a Espanha. O estado não tem olhado convenientemente para nós nem para a parte portuguesa. Somos uma área com grande necessidade de acção e esperamos que a CIMEIRA DE GOVERNANTES venha a trazer acordos de que tanto necessitamos.

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