Os 22 países ibero-americanos (19 latino-americanos e os 3 ibéricos) reuniram-se em Andorra de forma semi-presencial. O espaço ibero-americano tem duas línguas oficiais e, da parte da organização, houve a sensibilidade de manter um relativo equilíbrio entre a língua espanhola e a portuguesa.
Intervieram os presidentes do Governo e os Chefes de Estado de 16 países. Os seis restantes (Brasil, Venezuela, Nicarágua, Salvador, México e Paraguai) tiveram uma representação a nível ministerial. A Cimeira Ibero-Americana recebeu o apoio e a mensagem dos lideres ibero-americanos mundiais: António Guterres e o Papa Francisco. O primeiro. Secretário-geral da ONU, falou em espanhol e em português, recordando o trigésimo aniversário das Cimeiras Ibero-Americanas, já o segundo, chefe da Igreja Católica, através de uma carta insistiu que a vacina tem que ser um bem comum de toda a humanidade, também fez um apelo para que se renegoceie as dividas dos países em dificuldades, uma clara referencia a Argentina.
O presidente Luis Arce, da Bolívia, sublinhou a importância do projeto do Instituto Ibero-Americano de Línguas Indígenas. Alberto Fernández, presidente da Argentina, incentivou “a unidade a não ser dominada” e a um “diálogo sincronizado diversificado”. Agradeceu o apoio das Malvinas. Fernandez valorizou a mensagem do Papa Francisco.
O rei de Espanha, Felipe VI, falou algumas frases em português e mencionou a pertença e a defesa de uma identidade de uma comunidade ibero-americana num mundo global. Felipe VI considera que o espaço ibero-americano é um sistema flexível de cooperação horizontal. Recordou que no próximo ano se vai celebrar vários bicentenários de independências ibero-americanas e destacou o papel das personalidades ibero-americanas nas cortes de Cádis.
Pedro Sánchez, presidente do Governo espanhol, comprometeu-se a colocar a disposição da América Latina entre 5% e uns 10% das vacinas recebidas por Espanha até ao fim de 2021, isto assim que se passe a marca dos 50% de vacinados na população espanhola.
Marcelo Rebelo de Sousa, falou em português, e demonstrou o seu desejo de estreitar laços com os “irmãos latino-americanos” no espaço ibero-americano, assim como elogiou a intervenção de António Guterres.
António Costa, também em português, saudou a aproximação da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) com a Secretaria Geral Ibero-Americana (SEGIB). Assinalou que os lusófonos trazem 260 milhões de falantes a comunidade ibero-americana. O primeiro-ministro luso destacou o papel da representação da OEI em Portugal. Nesse sentido, o El Trapézio perguntou na conferencia de imprensa a Rebeca Grynspan: Qual é o grau da participação de Portugal na SEGIB e qual é o estado das relações do SEGIB com os países de língua portuguesa em África?
A secretária-geral respondeu que a participação de Portugal nos últimos sete anos foi crescente e significativa. Nesta Cimeira, Portugal apresentou uma iniciativa global no marco da Agenda 2030. A SEGIB vai celebrar a semana da língua portuguesa em Maio e valoriza que a aproximação entre a CPLP e a SEGIB é um campo de “ fertilização cruzada”, que tem o apoio do Chefe de Estado e de Governo de Portugal. Ambas as comunidades serão membros mutuamente observadores. Por fim, Rebeca Grynspan considera Portugal um membro “muito amado”.
O representante do Brasil agradeceu a Espanha e a Portugal as suas doações de equipamentos de intubaçao e de medicamentos. Afirmou o compromisso do seu país com o mecanismo ibero-americano, caracterizando-o como um fórum a altura dos desafios e um instrumento de aproximação.
Impulso da circulação do talento no espaço ibero-americano.
Espanha,Portugal, Republica Dominicana, Guatemala, Brasil, Nicarágua, Panamá e a Colômbia assinaram o Convénio que vai ser um marco no impulso da circulação do talento no espaço ibero-americano. Este convénio pretende facilitar a circulação no espaço ibero-americano a mobilidade intra-empresarial de diretores e de trabalhadores especializados, a circulação de profissionais habilitados, investigadores, investidores e empreendedores. Também abrange os estágios de jovens em empresas ibero-americanas, favorecendo a transferência de conhecimento, a inovação e a criação científica e intelectual. O acordo assinado contempla formas de ultrapassar os obstáculos a esta mobilidade, quer de carácter migratório, profissional ou educacional, incluindo o reconhecimento de diplomas. Estiveram presentes na cerimónia de assinatura em Andorra os ministros da Guatemala, Pedro Brolo; da República Dominicana, Teodoro Álvarez Gil; de Portugal, Augusto Santos Silva, e do Ministro dos Negócios Estrangeiros, União Europeia e Cooperação de Espanha, Arancha González Laya, cujo país promoveu esta iniciativa. “É assim que vamos contribuir para a criação de uma Comunidade Ibero-americana”, disse González Laya.
A assinatura do Convénio é um passo de grande importância do processo iniciado na XXIV Cimeira Ibero-Americana de Veracruz em 2014, durante o qual os Chefes de Estado se comprometeram a promover a mobilidade académica e a circulação de talentos na América Latina como elemento fundamental para o desenvolvimento da região.
Documentos aprovados por consenso
Os líderes políticos adotaram a Declaração de Andorra, o Compromisso de Inovação para o Desenvolvimento Sustentável e o Programa de Ação, que foram acordados por todos, bem como 16 comunicados especiais, aprovados por consenso.