Em entrevista à Lusa, Maria Dolores Rios Peset explicou que as relações entre os dois países já são atualmente «muito estreitas e muitas boas» e que o objetivo é potenciar essa ligação com o convite ao primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, para a visita oficial a Espanha. «Estamos à espera para poder convidar o senhor primeiro-ministro para ir a Espanha. Esta viagem está pendente há quase dois anos», explicou, assumindo que poderá acontecer logo que a evolução da pandemia o permita.
Em paralelo com o convite para a visita do chefe do Governo a Madrid, Espanha está agora a negociar um «acordo de cooperação avançado» com Cabo Verde, identificando áreas em que o país europeu, que já é o principal investidor estrangeiro, entende poder fazer a diferença no arquipélago em matéria de desenvolvimento. Em termos económicos, o turismo e a economia azul, áreas em que Espanha lidera no investimento estrangeiro em Cabo Verde, assumem a prioridade nesse acordo em negociação.
«São os dois setores em que pensamos que Espanha tem a vantagem comparativa de poder colaborar melhor com Cabo Verde», apontou, admitindo que esse reforço da relação pode também passar por parcerias público-privadas com o arquipélago. Maria Dolores Rios Peset explicou que a relação entre Espanha e Cabo Verde ultrapassa a vertente económica e faz-se também na recuperação do património há vários anos, como o atual projeto de reabilitação de faróis. «É um projeto que contribui para a recuperação de 26 faróis históricos, que custa cinco milhões de euros e que estamos prontos a concluir. Este é projeto principal do ponto de vista do património», apontou.
Segundo Rios Peset, a Embaixada de Espanha em Cabo Verde conta com 300 espanhóis registados como residentes ou a trabalhar no arquipélago, essencialmente no turismo, pescas e elementos de organizações não-governamentais ligadas ao ambiente. Mas também pequenos empresários, grande parte do arquipélago vizinho das Canárias, que acabaram por se instalar em Cabo Verde. No sentido inverso, dados oficiais apontam para cerca de 3.000 cabo-verdianos a residirem atualmente em Espanha.
«As relações entre os dois países são excelentes, penso que de todos os pontos de vista. De um lado, do ponto de vista político, são dois países democráticos, que partilham os mesmos princípios e valores, então é uma relação muito fluida entre as autoridades dos dois países», disse a embaixadora.
«Do ponto de vista económico, há muitas empresas espanholas que confiaram em Cabo Verde para fazerem os seus investimentos e atualmente as principais empresas privadas que empregam cabo-verdianos são espanholas. Então, eu diria que as relações económicas são muito estreitas», reconheceu. A diplomata destacou que «há muita relação pessoal». «Mesmo que não haja muitos espanhóis a morar em Cabo Verde ou em Espanha de Cabo Verde, há um conhecimento profundo», concluiu a diplomata.