Numa península cada vez mais envelhecida, ser-se jovem é tudo menos fácil. Aliado a todos os problemas e crises existenciais a uma idade onde se sabe tudo mas a verdade é que não se sabe nada, há a cada vez maior dificuldade em se atingir uma estabilização.
Os últimos trinta anos trouxeram uma mudança profunda para Portugal e os portugueses. As planícies deram lugar a auto-estradas (que muitas vezes vão para lugar nenhum) e actualmente podemos mesmo dizer que a marca Portugal está na moda. Só que isto não é apenas uma marca bonitinha para defender e para mostrar aos turistas que “tocam” nas nossas terras e pelas mesmas se apaixonam (também, como poderiam resistir eles?!).
Antes de ser um local turístico dos quais nos orgulhamos, não podemos esquecer as pessoas que cá vivem. Temos uma geração com sonhos e uma formação única na história desta nação com mais de 9 séculos e que tanto lutou e continua a lutar para ser reconhecida pelos seus pares.
Somos jovens que já não são crianças mas ainda não se conseguiram afirmar completamente como adultos e tudo por causa da falta de oportunidades, de ajuda. Sei que esta conversa parece conversa de mau pagador e um chavão repetido mas infelizmente é a triste sina de milhares de licenciados que se esforçam para se destacar num mercado cada vez mais difícil e que muitas vezes têm de sair do país para conseguirem tudo aquilo que sempre quiseram. Uma carreira estável, carro, casa e todos esses (“detestáveis”) bens materiais e nos quais pensamos quando queremos descrever um adulto estão bem fora do alcance do professor que tem que vender casas para conseguir um ordenado bem mais atractivo do que aquele que ganha a ensinar a geração do amanhã. Uma geração que não sabe qual é o seu futuro e que cada vez mais terá que viver o presente.
Os sonhos são cada vez mais um sonho e a oportunidade é para agarrar com “unhas e dentes”. É mostrar o melhor de nós para ganhar algum reconhecimento que muitas vezes resume-se a uma “palmadinha nas costas”.
Quando somos pequenos queremos ser grandes mas quando crescemos. Ai quando crescemos! Filas nas finanças e todos esses problemas dos adultos são tão complicados que se nos tivessem avisado com mais antecedência talvez déssemos todos fossemos como o Peter Pan e ficássemos crianças para sempre.
Só que os jovens deste país são mais e querem muito mais. Querem mais apoios, tanto a nível governamental mas não só, para que possam prosseguir os seus sonhos e talentos pois se esses talentos forem bem usados e estimulados podem contribuir (e muito!) para que este país possa continuar a crescer e a se desenvolver. Deixar de ser um “país de cunhas” para ser um local de todos para todos. Onde a idade não é nada mais do que um número e a verdade é que nunca fui muito boa neste quesito algébrico.
Mas quando os números estão contra nós e parece ser difícil remar contra a maré, é deixar que as correntes sejam favoráveis para continuarmos o nosso caminho. Já não importa o que sonhamos ser. O que importa é o que somos e quem somos. Somos jovens, instruídos e a maior força motriz que a península Ibérica já viu. Não importa a nacionalidade. Os problemas e os anseios são os mesmos e os diferentes movimentos associativos que apareceram durante os anos de crise demonstraram que algo está mal em terras de Viriato e de Cid.
Os ventos começam a soprar. Agora basta saber para que direcção e qual será o papel dos jovens nesta Ibéria.
Andreia Rodrigues é formada em jornalismo pela Escola Superior de Comunicação Social de Lisboa (ESCS) e é uma apaixonada por todas as formas de comunicação. Contar novas histórias e descobrir novas culturas é algo que move todos os dias.