Vivemos uma época de convulsão. Os últimos acontecimentos estão a afectar a todos no planeta.
A pandemia está a demonstrar a vulnerabilidade dos Estados. A dependência dos fabricantes das vacinas, a precariedade dos sistemas de saúde para fazer frente a esta situação,… Todas estas circunstâncias não levam a uma situação de dependência absoluta de quem rege os destinos mundiais.
O Plano de Apoio Financeiro, proposto pela União Europeia, está a produzir algumas situações negativas como a do Tribunal Alemão, as reticências dos países frugais,… Devemos dizer que cada Estado da União olha antes pelos seus interesses particulares do que pelos comuns. Em resumo, não nos consideramos pertencentes a um todo mas apenas nos unimos para impor os nossos critérios aos demais para defender os nossos interesses,
O Brexit provocou mudanças substanciais em toda a União Europeia. Entre elas está a política de Defesa. Por exemplo, no terreno geopolítico, a amizade inglesa com Portugal. A quem interessa mais esta relação? Em primeiro lugar, ao Reino Unido. Tinha assim um aliado perto do seu ancestral inimigo. E Portugal. O que ganhava? Teria apoio contra as ânsias castelhanas para anexar o território.
Os nacionalismos no Estado Espanhol recordam épocas passadas, como a desintegração do Império Espanhol. É o clássico “divide e vencerás”.
A consolidação da China como uma superpotência mundial demonstra a nossa dependência económica. Actualmente é de tais dimensões que dificilmente poderemos superá-las sem uma política de auto-suficiência decidida. Não é uma defesa da autarquia, é pura e simplesmente de autodefesa. Não podemos depender da China nem nos mínimos detalhes. Isto significa, para os chineses, a criação de milhares de empregos, desenvolvimento industrial,… e para nós, a mais absoluta dependência. Na medida em que em breve nos tornaremos numa simples colônia da China.
Todas estas circunstâncias colocam-nos fora dos centros de decisão mundial e condenam-nos a ser meros espectadores dos eventos e sofredores deles.
É hora de repensar muitas coisas. Como sempre, o melhor é começar a nossa casa pelos alicerces.
Observando a Península Ibérica e constatando a semelhança de territórios e habitantes e, sobretudo, de interesses económicos e culturais,… podemos concluir que seríamos mais fortes se estivéssemos unidos.
A missão dos nacionalismos é clara: dividir para conquistar.
Poderíamos argumentar que a União Europeia já existe, mas constatamos que os interesses são bastante díspares e, em termos de solidariedade, tendem a falhar um pouco.
O mesmo podemos dizer dos diferentes territórios da Península Ibérica. A desconfiança e o confronto entre eles são frequentes, principalmente por interesses económicos.
Acho que o primeiro passo pode ser a constituição da Federação Ibérica.
Serviria como um antídoto para a doença do nacionalismo e um teste para as relações europeias.
Mas, primeiro, é preciso ter clareza sobre quem vai se opor a esta medida, contrariando os seus interesses. Em primeiro lugar, as superpotências, entre elas, as multinacionais. Também os nacionalistas portugueses. É hora de mostrar a eles que nenhum perigo vem de Espanha. E também aos nacionalistas espanhóis que devem compreender que os territórios peninsulares são seus iguais e não seus inferiores. É verdade que, por parte da Espanha, a união foi considerada apenas uma simples anexação. Essa é a razão da Federação Ibérica.
Da mesma forma deveria se proceder, pelas mesmas razões, junto das Comunidades Autónomas Espanholas.
A primeira medida seria a expansão dos partidos políticos que defendem essa Federação Ibérica, não só a nível estatal mas também autonómico, unindo a uma intensificação das relações económicas, culturais e de todo o tipo entre Portugal e as distintas Autonomias espanholas, começando pelas fronteiriças.
Manuel Morilla Jarén