25 de Abril, o povo voltou a sair a rua

Em 47 anos de democracia, os dirigentes políticos relembraram o passado mostrando os passos dados e os que ainda faltam dar

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Pelo segundo ano consecutivo, Portugal celebra o 25 de Abril em Estado de Emergência. Na cerimónia solene, que juntou na Assembleia da República 47 deputados (representando cada um dos anos da revolução) e 40 convidados, os participantes relembraram os ideais de Abril, o que foi feito e o que ainda falta fazer. Dos diferentes discursos feitos, com os habituais cravos vermelhos nas lapelas e a decorar o hemiciclo, justiça e corrupção foram os temas quentes escolhidos pelos partidos.

Já o presidente da assembleia, Eduardo Ferro Rodrigues, relembrou alguns dos ganhos de Abril, como é o caso do Serviço Nacional de Saúde e do parque escolar que em mais de quatro décadas triplicou, mas também alertou para os ideais adormecidos do Estado Novo que estão na sociedade portuguesa mas não só. Os movimentos extremistas ganharam um novo fôlego com o início da pandemia para disputarem um terreno político que até então era lhes vedado.

No parlamento, que tinha as suas escadarias decoradas com flores de papel que representavam várias espécies europeias (relembrando a presidência portuguesa do grupo europeu), o presidente da república, Marcelo Rebelo de Sousa, fez um discurso onde defendeu que Portugal, um país com quase 900 anos de existência, deve assumir “glórias e fracassos” do seu passado. Uma história com momentos bons e maus, como todas as outras. Nestas palavras, Marcelo evocou a sua própria história pessoal, já que é filho de um governante da ditadura que participou na Assembleia Constituinte. Para além do actual presidente da república, apenas Jerónimo de Sousa, líder do PCP, são os únicos políticos no activo que ajudaram na criação da constituição democrática portuguesa.

Marcelo Rebelo de Sousa, que durante o seu discurso relembrou o papel que os militares tiveram na “revolução dos cravos” mas também ressaltou os anónimos que lutaram contra as amarras da ditadura, defendeu que os anos que faltam até ” ao meio século do 25 de Abril sirvam a todos nós para trilharmos” o caminho iniciado a 25 de Abril de 1974. Na porta da assembleia da república alguns manifestantes foram presos e apuparam o presidente após a cerimónia.

O 25 de Abril também foi relembrado nas redes sociais por Charles Michel (presidente do Conselho Europeu), David Sassoli (presidente do Parlamento Europeu) e o PSOE.

De volta a avenida

Se no ano passado um cidadão solitário desceu a avenida da liberdade carregando a bandeira nacional, este ano o habitual desfile dos Capitães de Abril aconteceu de uma forma mais reduzida e com máscara mas com um sol convidativo. Devido a alguma polémica com os participantes, o partido Iniciativa Liberal decidiu fazer um desfile próprio onde o vermelho dos cravos foi substituído pelo azul.

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