Eurocidade do Guadiana quer criar “laboratório europeu” de governação transfronteiriça

A estrutura luso-espanhola foi criada em 2013 pelos municípios de Vila Real de Santo António, Ayamonte e Castro Marim

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A aproximação do Algarve à Andaluzia com a implementação de um “laboratório europeu” de governação transfronteiriça, é um dos objetivos do projeto “EuroGuadiana2020”, disse à Lusa a presidente em exercício da eurocidade do Guadiana, Natalia Santos. O projeto visa dotar a eurocidade de mecanismos que permitam fazer da fronteira um ponto de ligação entre ambas as regiões, referiu a responsável, que preside também ao município de Ayamonte.

A eurocidade do Guadiana é uma estrutura luso-espanhola criada em 2013 pelos municípios de Vila Real de Santo António, do lado português da foz do rio Guadiana, e de Ayamonte, na margem espanhola, região da Andaluzia, à qual depois aderiu, nesse ano, o município português de Castro Marim. Segundo Natalia Santos, o “EuroGuadiana 2020” visa implementar “um laboratório europeu de governança transfronteiriça”, no qual técnicos dos três municípios e as universidades do Algarve e Huelva (Espanha) vão procurar “pontos de união” e de “diferenciação” que possam aproximar os dois lados da fronteira.

Com o apoio do programa europeu de cooperação transfronteiriça INTERREG VA Espanha-Portugal, considerou, este “primeiro laboratório permanente de governação transfronteiriça na eurorregião Alentejo-Algarve-Andaluzia” vai começar a “diluir de maneira mais direta a fronteira”. “Convenceram-nos de que éramos três municípios periféricos e queremos ser o ponto de conexão natural entre a Andaluzia e o Algarve”, afirmou a presidente do município de Ayamonte, que exerce a liderança rotativa da eurocidade.

O projeto tem também a ambição de se tornar, segundo Natalia Santos, no “gérmen de uma coesão territorial e de uma integração que irá transferir-se a outros territórios da raia hispano-lusa e de outras zonas fronteiriças da Europa”. A iniciativa vai ter na base “um trabalho para ver quais são as necessidades” naquela zona transfronteiriça e, “com o apoio da União Europeia, abordar os problemas e encontrar soluções às carências que forem detetadas”.

“Abordará questões culturais, desportivas, linguísticas e de organização, mas sobretudo vamos trabalhar na planificação do futuro e vamos fazer esse trabalho com o apoio e a colaboração dos melhores, como prova a presença das universidades de Huelva e do Algarve”, argumentou. Será, assim, implementada uma “estratégia de trabalho multidisciplinar única para os três municípios”, que contará também com “o envolvimento dos cidadãs e cidadãs” deste território transfronteiriço do Baixo Guadiana, referiu.

O diretor da eurocidade do Guadiana, Luís Romão, considerou que esta “deve ser inclusiva, acessível e sustentável”, representando “uma excelente oportunidade para o desenvolvimento económico, urbano e social da região”, embora admita que há ainda “um longo caminho a percorrer”. “Mas se todos acreditarmos e nos empenharmos no seu desenvolvimento, tenho a certeza de que, a médio prazo, [a eurocidade] será determinante para conseguirmos um território mais consistente, competitivo, desenvolvido e solidário, em que os cidadãos se sintam integrados”, afirmou o também vice-presidente da Câmara de Vila Real de Santo António.