Em mais uma edição dos encontros telemáticos organizados pelo Fórum dos Portugueses, que está presente em Espanha há 25 anos, alguns dos principais e mais distinguidos empresários portugueses marcaram presença para relatar como foi a sua entrada no mercado e as perspectivas que têm para o futuro. O tecido empresarial português em Espanha conta presença em áreas tão distintas como é o caso do café, hotelaria e logística. São 6 mil as empresas portuguesas presentes no país vizinho, tanto grandes marcas como startups que estão a começar.
O embaixador português, que deu início a mais este encontro, recordou que nas visitas que faz pelas Comunidades Autónomas espanholas é sempre referida a «vontade de estreitar as relações com Portugal e o exemplo das empresas portuguesas». O embaixador defende que as comunidades têm uma maior abertura e como tal são mais atractivas para as empresas que querem entrar.
O conselheiro económico da Embaixada em Madrid, Luís Moura, relembrou que Espanha é o primeiro cliente de Portugal (já Portugal é o quarto de Espanha) e que na última década houve uma grande aproximação entre os dois tecidos empresariais ibéricos. Apoiar a entrada de empresas portuguesas em Espanha (e vice-versa) é a estratégia do banco Finanzia, presente no mercado espanhol há 20 anos e trabalhando de próximo especialmente com médias empresas.
Visto como um exemplo por todos, segundo o primeiro-ministro António Costa caso «houvesse mil empresários como o Rui Nabeiro a nossa economia seria outra coisa», a história da Delta em Espanha começou pela proximidade que há entre Campo Maior e a Extremadura (especialmente Badajoz) num período em que mesmo com restrições a procura pelo café português já se sentia. Esta entrada, segundo o Comendador, não foi fácil devido há concorrência mas mesmo assim marcam presença em 18 cidades, o que faz com que os seus dois produtos premium, o café e o vinho, cheguem a todo país, um país «amigo» como o mesmo o descreve. «Sabemos o que fazemos. Somos bons empresários e bons comerciantes. Temos é que estar mais juntos», este é o pedido que Rui Nabeiro faz. Uma maior camaradagem que poderia ser traduzida no futuro através de uma Feira com produtos portugueses.
Se houve empresa que manteve os produtos nas prateleiras durante os confinamentos foi a Luís Simões, que mesmo com restrições nas fronteiras conseguiu ter os seus camiões sempre a funcionar. A empresa de logística familiar, uma das principais na península Ibérica, abriu em Guadalajara um importante interposto logístico. «Nós queremos ser o melhor operador de logística na península Ibérica», conta José Luís Simões sobre os objectivos da empresa que entrou em Espanha na década de 80.
Representando a EDP Renováveis, Rui Teixeira esteve presente nesta reunião para contar um pouco sobre a presença da empresa portuguesa em Espanha. A entrada no mercado hispânico ocorreu em 2002 com a compra da EuroCantabrico, nas Astúrias. Desde então a empresa, que está cotada na Bolsa de Lisboa mas tem a sua sede em Espanha, tem continuado a sua aposta nas energias renováveis ao lado da proposta apresentada pelo governo espanhol. A empresa pretende investir 2 mil milhões de euros e contratar até 2.300 pessoas. «O mercado espanhol é bastante activo, com grandes empresas. A minha experiência tem sido de ganhos pragmáticos. São bastante pragmáticos na discussão de negócios», disse Rui Teixeira.
Outra das grandes empresas portuguesas presente em Espanha é a Mota Engil. «A nossa chegada aqui não foi fácil. O mercado da construção é muito competitivo e as empresas espanholas são muito competitivas, competentes. É um mercado algo fechado», contou Pedro Antunes sobre a entrada da construtora portuguesa, que opera no mercado espanhol desde 2015. A Mota Engil é o sétimo maior grupo de construção no território ibérico.
Espanha é, ao lado de França, um dos maiores destinos turísticos do mundo e a entrada do grupo Pestana, que leva pelo mundo a bandeira de Portugal e a arte de bem servir, aconteceu em 2013 com um hotel em Barcelona. «Queríamos ter presença nas duas principais cidades. A Plaza Maior veio anos depois. É muito difícil entrar no mercado espanhol, existem várias barreiras», contou José Roquete sobre o início do negócio que levou a parceria que tem com a marca CR7 na Grand Via. «Já fizemos o mais difícil que foi entrar em grande em Madrid e em Barcelona».