Com chuva e sem o povo de Baião, os restos mortais do escritor Eça de Queirós receberam honras de Panteão Nacional mais de 120 anos após a sua morte, que aconteceu aos 54 anos. A transladação dos restos mortais de Eça de Queirós para o Patrão Nacional era uma questão discutida já há quatro anos e que chegou a ir parar aos tribunais por membros da família que não queriam que isto acontecesse. Nascido na Póvoa de Varzim, distrito do Porto, em 1845. Os turistas que mais visitam a casa da Fundação Eça de Queirós são os brasileiros. Que pretendem ver onde «nasceu» o Carlos da Maia, a Maria Eduarda ou o primo Basílio.
A urna com os restos do escritor passou em frente da Assembleia da República, que votou na sua adição a este plantão de notáveis, e com escolta de honra desceu a Avenida da Liberdade que já descrevia nas suas obras. Que fazem parte do imaginário de todos os amantes da língua portuguesa. Todos os que fizeram os exames finais do secundário em Portugal leram alguma das obras da autoria de Eça de Queirós. Que chegou a ser diplomata em Cuba e assistiu a mudança da história na fila da frente.
Foi sobre a bandeira de Portugal que entrou no Panteão Nacional, onde foi recordado. Foram lidos excertos de várias obras da sua autoria e é possível viajar por Portugal usando obras como os ‘Maias’ como roteiro deste itinerário. (quem não conhece as Janelas Verdes?). Nas suas obras, Eça criticava um país que em alguns aspectos ainda encontramos. Como é o caso de apenas dois partidos chegarem ao governo, algo que vemos em Portugal (com o PS e o PSD) ou em Espanha (PP e o PSOE).
A cerimónia de transladação contou com a presença das mais altas figuras do estado português e de membros da família do escritor que agora repousa ao lado de figuras como a fadista Anália Rodrigues ou do futebolista Eusébio. Para Marcelo Rebelo de Sousa, a chegada dos restos mortais de Eça de Queirós ao Panteão Nacional é um ato de justiça para o maior romancista português que teve várias vertentes que foram desde o jornalismo até a diplomacia. Para o presidente, continuar a ler Eça de Queirós é a maior homenagem que se pode fazer para lembrar um dos maiores génios da história de Portugal e que é lembrado por Querosianos de todo o mundo.
O autor dos ‘Maias’ foi um reformista com uma capacidade única de olhar o país e muitas das suas histórias ressoam até aos nossos dias, como é o caso do ‘Crime do padre Amaro’, que teve um filme português lançado inspirado nesta obra há precisamente vinte anos.
Uma ida ao Panteão Nacional, que fica ao lado da Feira da Ladra, é essencial para quem quer conhecer um pouco mais sobre a história de um Portugal que se tem destacado nos últimos duzentos anos graças a literatura, música, desporto ou diplomacia. Nomes que ficarão para sempre consagrados neste Panteão das glórias de Portugal. O Plantão Nacional começa a ficar sem espaço para receber tantos nomes.