17/06/2025

Morreu Eduardo Gageiro, o fotojornalista que captou as primeiras imagens de Abril e o país que dai nasceu

O fotojornalista Eduardo Gageiro cobriu as mudanças que existiram em Portugal desde a década de 50 até a atualidade

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O primeiro homem que fotografou a Revolução do 25 de Abril, Eduardo Gageiro, morreu aos 90 anos. Foi um dos mais importantes fotojornalistas portugueses do último século. O fotojornalista documentou não só a Revolução dos Cravos mas também o país real que saiu depois de um período de censura que atravessou todo o Estado Novo. Houve um antes e um depois do seu trabalho após a data do 25 de Abril de 1974. Eduardo Gageiro era um mestre do olhar que documentou a dimensão humana de todo um país.

Acompanhou a revolução de perto muito graças a proximidade que tinha com Salgueiro Maia. Eduardo Gageiro foi um dos primeiros fotojornalistas a chegar aos cenários do 25 de Abril, fixando as imagens do encontro dos militares no Terreiro do Paço ou o momento em que o «capitão sem medo» percebeu que a revolução tinha triunfado. O fotojornalista trabalhou com uma máquina nas mãos quase até morrer. Ao contrário do que se costuma dizer dos jornalistas, que devem ser imparciais, Eduardo Gageiro admitia que não conseguiria ser imparcial e que através da sua lente contava não só o que via mas também como gostava que o mundo fosse. Também recentemente falecido, o fotojornalista brasileiro Sebastião Salgado contou, certa vez, numa entrevista que muitas vezes largou a máquina e chorou com o que via a sua volta. Trabalhou com a Associated Press, a Assembleia da República e a Presidência da República de Portugal. Fotografou Eusébio, Mário Soares ou o Papa João Paulo II. Durante os Jogos Olímpicos de Munique, em 1972, Eduardo Gageiro foi o primeiro fotógrafo do mundo a captar a imagem dos terroristas que sequestraram os atletas israelitas da aldeia olímpica. Momento marcante na história olímpica.

O fotojornalista representou Portugal em grandes eventos como os Jogos Olímpicos de Pequim (2008), exposições da UNESCO e do Instituto Camões. Apresentava-se como um contador de histórias e de realidades políticas, sociais e culturais. Durante a ditadura, e devido às fotos comprometedoras que tirou, chegou a ser preso pela PIDE  Eduardo Gageiro participou em mais de 300 exposições coletivas nos cinco continentes, e realizou exposições individuais em cidades como Buenos Aires ou São Paulo. Foi distinguido no México.

Vários membros da sociedade portuguesa já tentaram esta morte. Eduardo Gageiro, que nasceu em Sacavém, em 1935, e o seu trabalho retrata um Portugal que foi de 1950 até a atualidade. Ao longo da sua carreira, foi condecorado, premiado nacional e internacionalmente. Eduardo Gageiro foi condecorado como comendador da Ordem do Infante D. Henrique e cavaleiro da Ordem de Leopoldo II, da Bélgica. É o único português que naquele país tem uma foto em exposição permanente na Casa da História Europeia. Os suas fotografias habitualmente eram tiradas a preto e branco.