A escolha de Marcelo e dos portugueses

Comparte el artículo:

Portugal está instalado no caos político com o pedido de demissão de António Costa. Que vai continuar no cargo, e provavelmente a governar em duodécimos, até ao dia das eleições. Enquanto isto um dos nomes no meio do furacão, Galamba, continua no governo e só se fala da droga que foi encontrada em sua casa. A verdade é que os casos da justiça portuguesa sempre deram bons enredos noveleiros.

A oposição desde o primeiro minuto colocou-se a disposição de eleições e Pedro Passos Coelho considerou o Chega um partido democrático. De lembrar que o PSD costuma governar nos fins de ciclo políticos socialistas. Tivemos isso com Guterres, Sócrates e agora o grande ponto de interrogação está sobre o que vai acontecer a Portugal e tudo o que estava previsto, incluindo a Alta Velocidade que ao não chegar faz com que tenhamos um atraso para o resto da Europa de várias décadas. Não falemos do lítio, do PRR e de um aeroporto de Lisboa que é discutido desde o Estado Novo.

O PS ainda tentou que um novo nome assumisse o poder. Mais ou menos ao estilo inglês em que o partido é sempre o mesmo e só muda o nome do PM.

Ao contrário do que os socialistas queriam, Marcelo não aceitou a alternativa Santos Silva e vamos mesmo a eleições no dia 10 de Março. Nos próximos 4 meses vamos viver num pântano político sem grandes decisões que afectem a vida dos portugueses mas com jogadas políticas dignas da série «House of Cards». No Largo do Rato já há dois nomes a se mexer para suceder a António Costa, José Luís Carneiro e Pedro Nuno Santos. Sobre este vamos falar um pouco mais a frente e como este poderia inspirar-se em Sánchez, tornando a Geringonça portuguesa ainda mais progressista.

Para o deputado único do Livre, Rui Tavares, estamos, neste momento, a viver uma crise de regime. O mesmo foi dito por Marcelo, com outras palavras, que pediu inteligência e ponderação na hora de votar. E este é o momento certo para a direita ganhar o poder mas olhando para todos os partidos, a verdade é que nenhum tem um candidato com características para este cargo. Por isso mesmo é que acho que vamos ter uma subida da extrema-direita e uma derrota do PSD que levará a uma saída de Montenegro e a uma chegada de Moedas (uma jogada semelhante deverá acontecer em Madrid com Ayuso).

Voltando a olhar para o futuro do PS com PNS, será que teríamos a volta da Geringonça? Pessoalmente não acredito pois muita coisa mudou. Já não são as mesmas figuras políticas e o PCP perdeu muito engajamento com a não condenação da guerra da Ucrânia. Também acho que a personalidade de Nuno Santos não é a mesma de Costa. Mas como acredito que tal como Sánchez também quer o poder será capaz de tudo para o conseguir.

O PS conseguiu a sua última maioria absoluta pois os portugueses queriam estabilidade, crescimento e afastar o fantasma do Chega das suas vidas. Acredito que em Março a direita terá uma grande subida mas, de alguma forma, o próximo governo será de esquerda mas com membros de outros partidos no governo e não apenas a ajudar no parlamento. Tal como Yolanda Diaz fez em Espanha, podíamos Sumar todos os partidos de esquerda de Portugal. O que pode ser perigoso mas vamos ver o lado positivo. Pode ser que em Março o governo de PNS traga consigo Rui Tavares, Mariana Mortágua ou um dos membros de destaque do PCP como ministros. Também gostava de ver mais membros de destaque da sociedade civil e menos políticos profissionais em posições de destaque. Os últimos que tivemos, Mário Centeno e Marta Temido, não se saíram nada mal nas pastas que tiveram.

Agora basta de fazer conjecturas e vamos aguardar serenos por Março e pelo momento da votação que será o momento da escolha dos portugueses.

 

Andreia Rodrigues

Noticias Relacionadas