Angola despede-se de Zedu em funeral de Estado

Nas exéquias fúnebres oficiais participaram as delegações de Espanha e de Portugal

Comparte el artículo:

Angola despediu-se do seu presidente mais longevo, José Eduardo dos Santos, com um funeral de Estado. Neste funeral participaram populares, que se quiseram despedir do homem a que apelidaram de arquiteto da democracia, e 24 delegações internacionais. Destas destacam-se as de Cuba, Espanha (que se fez representar pelo seu embaixador em Angola) e a de Portugal. Para além de Marcelo Rebelo de Sousa, que fez anunciar a sua presença assim que o óbito foi anunciado, também esteve presente o ministro dos negócios estrangeiros.

Em Angola, Marcelo Rebelo de Sousa reuniu-se com os seus homólogos de Moçambique, São Tomé, Cabo Verde e Guiné-Bissau. João Gomes Cravinho, em conversa com os jornalistas, considerou que o antigo chefe de Estado soube criar uma relação de proximidade com Portugal e como tal o país «lhe deve muito». O chefe da diplomacia portuguesa acredita que esta é uma homenagem que Angola e o mundo devem a um homem que foi presidente durante trinta e oito anos, tendo passado por uma guerra civil que durou 20 anos.

Um último adeus sem banho de multidão

No cortejo até ao local do funeral não houve o banho de multidão esperado por muitos e o auditório onde estava o corpo só encheu perto da cerimónia pública. As exéquias decorreram de uma forma tranquila e sem um discurso do seu antecessor, João Lourenço. José Eduardo dos Santos chegou a cadeira do poder do jovem Estado com apenas trinta e sete anos e conseguiu levar o país a uma economia de mercado onde a pena de morte já não é permitida (algo que não acontece em todos os Estados da CPLP).

Quem também esteve presente no funeral foi o líder da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, que questiona o resultado apurado pelo CNE nas últimas eleições. As exéquias, que aconteceram no dia em que faria 80 anos e sem parte dos filhos que não podem entrar no país devido a questões judiciais, terminaram com o corpo a encontrar a sua última morada no mausoléu que fica ao lado do monumento a Agostinho Neto, em Luanda.

Os filhos mais velhos, em especial Isabel e Tchizé dos Santos, pretendem pedir esclarecimentos à justiça espanhola sobre as circunstâncias da entrega do corpo do pai à viúva e da trasladação do cadáver para Angola. Este dia também foi marcado por música lírica, leitura de mensagens e elogios fúnebres e um culto ecuménico que contou com a participação de grupos corais. Nos elogios fúnebres, José Eduardo dos Santos foi descrito como um «bom patriota» e que conseguiu garantir a «unidade territorial». José Eduardo dos Santos morreu em Barcelona, a 8 de julho, com 79 anos.

Noticias Relacionadas