D. Pedro Carlos de Bourbon-Bragança era o filho dos descendentes mais novos das casas reais de Portugal e de Espanha (os infantes Gabriel de Bourbon e Mariana Vitória de Bragança). Uma vida passada entre palácios e continentes. Muito se fala, especialmente graças a ficção histórica cada vez mais constante, sobre os reis que uniram ou podiam ter unido as duas coroas ibéricas. Uma dessas pessoas foi um infante nascido em Espanha, criado em Portugal e que foi obrigado a fugir para o Brasil devido às invasões Napoleónicas.
No livro D. Pedro Carlos – (1786 – 1812): Um infante de Espanha em Portugal e no Brasil, a historiadora Isabel Drumond Braga (professora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), dá a conhecer a vida de uma personagem trágica, filho de uma portuguesa e de um espanhol, que ficou órfão muito cedo e acabou por ser criado numa corte, junto ao Tejo, que tinha a rainha louca D. Maria I, o príncipe que acabou por ser coroado no Brasil como D. João VI e a sua esposa (e prima do pequeno infante), Carlota Joaquina.
D. Pedro Carlos, que para o casal era como um filho, era bilingue e com apenas 11 anos embarcou numa caravela em direção ao Novo Mundo, o Brasil, com a restante família real que também era a sua. Esta foi uma decisão que tomou com apenas 11 anos, acabando assim por cortar os restantes laços que tinha com Espanha. A viagem fez com que fosse o único membro da família real espanhola a atravessar o Atlântico neste período conturbado em que Napoleão pretendia dominar a Europa.
Pedro Carlos, herdeiro aos tronos de Portugal e de Espanha
Tanto D. Pedro Carlos como D. Carlota Joaquina foram apontados, pelo rei português, como possíveis candidatos ao trono espanhol. Mas devido ao fraco poder político que o infante tinha em Espanha, esta era uma possibilidade com pouquíssima probabilidade. Até D. João VI e Dona Carlota Joaquina terem tido filhos legítimos, houve a possibilidade do primo vindo de Espanha se tornar o herdeiro ao trono português. Por isso mesmo foi educado ao estilo português. No Brasil, D. Pedro Carlos serviu na marinha imperial.
A primeira filha do casal, a princesa Maria Teresa, acabou por se casar com D. Pedro Carlos. O filho de ambos, o infante D. Sebastião Gabriel (o único membro da família real espanhola a nascer no Brasil), esteve envolvido na fação carlista. Isto depois de terem ido para Espanha reclamarem os bens que o pai tinha no reino onde nasceu e onde acabou por se casar por duas vezes.
O infante D. Pedro Carlos, que teve sempre muito protagonismo, morreu com apenas 26 anos, no Brasil. O seu corpo está sepultado no Convento de Santo Antônio, na cidade do Rio de Janeiro. Ao longo das 329 páginas que fazem parte do livro D. Pedro Carlos – (1786 – 1812): Um infante de Espanha em Portugal e no Brasil, da editora Temas & Debates, pode conhecer um pouco mais sobre a história de vida deste invulgar infante hispano-luso que viveu no Brasil imperial.
