Dono dos supermercados Mercadona vai desenvolver start-ups portuguesas

O empresário espanhol Juan Roig quer acelerar 15 jovens empresas lusas através da sua incubadora Lanzadera

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Em 2023, Juan Roig quer continuar a expandir a sua cadeia de supermercados Mercadona em Portugal. Mas não só. O empresário valenciano de 73 anos tem também, entre outros negócios, a Lanzadera, uma estrutura de aceleração de start-ups que iniciou a atividade há nove anos. E que, esta segunda-feira, selecionou mais de 120 jovens empresas para entrar no programa, entre elas 15 empresas portuguesas.

Automaise, Bandora, ByAr, Datalex, Digital Manager Guru, Full Venue, GlobalSolver, Infinite Foundry, Matereo, Neroes, Nevaro, PixelAR, Sensefinity, Viexpand e Virtuleap são as start-ups portuguesas que passam a integrar o programa da Lanzadera.

Esta é a primeira vez que a incubadora saiu de Espanha para atrair empresas. Até à data, para participar neste programa de aceleração, as empresas tinham de ter sede social em Espanha. No entanto, a proximidade do ecossistema de empreendimento luso e a potencialidade das suas start-ups motivaram a aceleradora a conhecer estes projetos disruptores em primeira mão. “Portugal surpreendeu-nos positivamente pela qualidade dos empreendedores e dos seus projetos”, destacou Javier Jiménez, diretor-geral da Lanzadera, em comunicado citado pela Europa Press.

“Em geral, as empresas selecionadas nesta convocatória oferecem soluções tecnológicas diferenciadas, o que as posiciona estrategicamente no mercado”, explicou ainda Jiménez. São empresas que estão a inovar em setores como o imobiliário, a saúde, o industrial, o energético, o da alimentação, da moda ou do marketing. E destacam-se as que têm desenvolvido soluções com recurso à inteligência artificial para “fornecer valor aos utilizadores”.

Cada start-up é alocada para uma das quatro fases que compõem o programa, conforme o seu grau de desenvolvimento e as suas necessidades: a fase scale up destina-se a empresas maduras que possuem um modelo de negócio  rentável, mas que precisam de ajuda para alcançar novas metas; na fase growth promovem-se empresas com potencial e que procuram um rápido crescimento; a fase traction foca-se em start-ups em fase inicial; e a fase ‘start’ destina-se a empreendedores que ainda estão a desenhar o seu projeto.

As jovens empresas no programa podem receber financiamentos desde 1.000 euros a 500.000 euros, tendo em conta as necessidades de cada uma. Além disso, várias start-ups selecionadas poderão colaborar com grandes empresas através de acordos corporate atualmente ativos na Lanzadera. Atualmente, cerca de 300 empresas recebem apoio da incubadora nas suas instalações na Marina de Valência.

Uma “oportunidade” de crescimento no mercado espanhol

Em declarações ao EL TRAPEZIO, algumas das start-ups portuguesas selecionadas assinalam a “honra” de poder entrar na Lanzadera, que significa o “reconhecimento do valor e potencial” das suas inovações. Pedro Pestana, CEO da Neroes, acredita que, neste programa, poderá “encontrar oportunidades para expandir negócios, aumentar a rede de contactos e desenvolver habilidades de liderança”.

A empresa, sediada na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, quer melhorar a performance e o bem-estar de atletas através de soluções tecnológicas avançadas para o cérebro. Para isso, procura “investimentos inteligentes”, o chamado smart money, e aperfeiçoar competências através de contactos mais experientes. “Estamos ansiosos por aproveitar as oportunidades e recursos que o programa oferece, bem como aprender com a experiência de outras start-ups e mentores”, refere o empreendedor.

Também a Nevaro, empresa que desenvolve ferramentas de terapêutica digital com foco na saúde mental, congratula-se por estar agora “dentro” do programa da Lanzadera. “Apenas 10% de todos os candidatos, a nível ibérico, foram selecionados” para este que é “um dos programas de aceleração mais conceituados de Espanha”, afirmam as cofundadoras do projeto, Francisca Canais e Rita Maçorano.

No entanto, sabendo que o programa terá a duração de 4 meses, querem sobretudo centrar-se na “expansão” para o mercado vizinho. “Acreditamos que o programa nos permitirá preparar o nosso posicionamento neste mercado, iniciar um piloto com uma grande empresa espanhola, e ainda atrair investimento ibérico que nos permita escalar mais rapidamente”. Algo que também está na lista de prioridades da Neroes: “Gostaríamos de ter acesso à rede de investidores em Espanha, uma vez que queremos expandir o nosso negócio para essa região”.

“Acreditamos que o programa da Lanzadera será uma excelente oportunidade para fazermos conexões e explorarmos essas possibilidades de crescimento”, acrescenta ainda Pestana, salientando o “grande” trabalho da incubadora. Já as gestoras da Nevaro destacam o “programa bastante bem organizado, com uma metodologia de aceleração baseada na experiência dos seus fundadores e uma excelente rede de parceiros e benefícios”. E, ainda, com uma visão “próxima” do quotidiano empresarial: “quem mais aparece e pede, maior retorno terá”.

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