Festival Lusogalaico voltou este ano e encheu o centro de Barcelos

Após dois anos de interregno, o festival de folclore integrado na Festa das Cruzes voltou a juntar os dois lados da raia

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Dois grupos folclóricos portugueses e outros dois galegos fizeram ontem a festa, ao final da tarde, em Barcelos. O Festival Lusogalaico de folclore regressou à cidade do Galo após dois anos sem ter havido condições para o fazer, devido à pandemia de covid-19, e trouxe ao Largo da Porta Nova muitos curiosos nacionais e estrangeiros que vibraram com as atuações.

Tal como nas anteriores edições, o Festival foi coorganizado pelo Grupo Folclórico de Barcelinhos e pela Câmara Municipal de Barcelos. A participar na mostra, inserida na programação da Festa das Cruzes, estiveram o próprio Grupo Folclórico de Barcelinhos (Barcelos), a Agrupación Folklorica de Algazara (Celeiros, Ponteareas), o Grupo Etnográfico de Areosa (Viana do Castelo) e ainda o Grupo Etnográfico A Buxaina (Vigo).

Uma irmandade “viva” através do folclore

À conversa com o EL TRAPEZIO esteve Paulo Lopes, presidente do Grupo Folclórico de Barcelinhos, que explicou a razão pela qual se faz este evento no dia 1 de maio. “Além de ser o Dia do Trabalhador, aqui em Barcelos chamam-lhe o dia do Espanhol”, em homenagem às centenas de pessoas oriundas do país vizinho que a cidade recebe nesta data. “Ou dia do Galego, como alguns preferem chamar”, acrescenta.

Mas esta não é a única ligação que Barcelos tem com a Galiza, já que a cidade portuguesa é geminada com Pontevedra “há mais de 50 anos” e mantém relações de amizade com a mesma há mais de 60. “Começou aí a amizade e, com o tempo, foram-se juntando as festas de ambas as cidades”, que se assemelham nas tradições e fomentam “ainda mais esta parceria”, garante.

E tem sido neste ambiente de boa convivência que, desde há mais de 40 anos, o Grupo Folclórico de Barcelinhos organiza o Festival Lusogalaico, sempre em colaboração com a Câmara Municipal. “É um momento muito importante para a cidade”, destaca Paulo Lopes, “que se insere naquele que é um dos dias mais representativos das festas a seguir à Procissão das Cruzes”. E que conta também com a presença significativa dos galegos, que resulta “em grande parte” da publicidade que se faz do evento na zona de Pontevedra. “É uma ajuda fundamental”, sublinha.

“Os galegos dizem que são os portugueses do Norte”

Num plano pessoal, o presidente do grupo organizador afirma que o folclore é o único elo que o liga à Galiza. “E a qualquer parte do mundo”, acrescenta, “porque nós somos amigos do mundo.” No entanto, não deixa de destacar o afeto especial que tem pelo povo vizinho, que se considera “o Norte de Portugal”. “São eles que o dizem, mas eu confirmo.”

Por isso, salienta o intercâmbio “entre grupos amigos” que este tipo de iniciativas promove, não só com a Galiza como também com outras comunidades lusófonas e hispanófonas. “Ainda este verão teremos outro festival com a participação de Angola, México, Chile, Porto Rico, entre outros”. Uma colaboração internacional que Paulo Lopes pretende manter em prol da cultura, “que é o que realiza toda a gente”, parafraseando o poeta e folclorista Pedro Homem de Melo. “Para um povo crescer, precisa de cultura”.

Foto: Alicja Nowosad – Ulepiona Fotografia

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