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Foro La Toja em Lisboa deu uma nova centralidade ao eixo Atlântico

Encontro reuniu políticos que aproveitaram a ocasião para abordarem os desafios que os seus países enfrentam

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A fundação Gulbenkian e a cidade de Lisboa receberam uma edição especial do Foro de La Toja. Foi no auditório nº2, tendo os olhos presos no jardim e da vida que por lá passa, que se falou sobre paz e a amizade que une os povos. Este Foro existe desde há quatro anos e desde o princípio tem tido uma forte presença portuguesa, tanto com oradores lusos nas suas diversas edições como membros do júri na entrega de prémios que aqui acontecem. Neste encontro, que será o primeiro de uma serie que se pretende ter na capital portuguesa, falou-se sobre temas de importância ímpar para o eixo atlântico.

A liderança transformadora das cidades, a aposta ibérica para o Mercado Europeu da Energia e a nova relação ibero-américa foram os temas debatidos nos vários painéis dinamizados. O primeiro dos painéis uniu Carlos Moedas e José Luis Martínez Almeida, os autarcas das duas capitais ibéricas. As capitais e o que ali se decide acabam por liderar os países. «Lisboa e Madrid devem ser sinónimos de qualidade de vida», acredita o alcaide madrileno. A sustentabilidade deve ser ambiental, económica e social.

Ambos falaram sobre o orgulho que tem no trabalho que fazem e das Jornadas Mundiais da Juventude (que vão acontecer na capital portuguesa em agosto). «A JMJ vai ser incrível em Lisboa», disse Moedas. «É uma excelente oportunidade não só para promover uma nova imagem da cidade, mas também é excelente para o retorno económico», concordou Almeida. Um dos projetos ibéricos que está na cidade é a start-up de unicórnios.

De que forma o mecanismo ibérico pode ser exportado para a Europa?

O segundo painel da manhã falou sobre o pedido de mais interligações energéticas com a Europa. Para os antigos governantes, o facto de sermos uma ilha energética acabou por nos proteger da atual crise energética. Sobre o mecanismo ibérico de energia, Nelson Laje (presidente da Adene) acredita que «temos uma oportunidade de dar uma voz e uma solução ibérica que ajude não só os consumidores dos nossos dois países como de todo um continente». Este mecanismo permitiu, aos consumidores, uma poupança de mais de 300 milhões de euros. A Península Ibérica tem cada vez mais adeptos na Europa (como é o caso da Alemanha) e as interligações estão no bom caminho.

«Esperamos que a Península Ibérica produza, no futuro, uma boa parte do hidrogénio verde que será consumido na Europa», acrescentou Laje. «O mercado das renováveis em Espanha e em Portugal está cada vez mais forte», considerou a antiga ministra do Meio Ambiente, Isabel Tejerina. Em janeiro, as energias renováveis foram responsáveis pela produção de 80% da energia consumida. Sobre o objetivo de chegar a neutralidade carbónica no continente europeu, o antigo titular da pasta do ambiente, João Pedro Matos, reforçou que «Portugal é dos países que mais tem feito para reduzir a sua pegada carbónica». A neutralidade carbónica poderá ser conseguida, em Portugal, antes de 2050 (data anteriormente avançada). O mecanismo ibérico e a luta contra as mudanças climáticas são algumas das bandeiras que Portugal e Espanha carregam na Europa.

Mariano Rajoy, Paulo Portas, Pedro Cateriano (antigo primeiro-ministro peruano) e Michel Temer refletiram sobre o futuro. «A defesa da liberdade e dos valores democráticos podem ser o papel fulcral de Portugal e de Espanha na América Latina», considera o antigo líder peruano sobre a situação que não só o seu país como todo o continente enfrenta. Mariano Rajoy lembrou que «os países da ibero-américa são mais parecidos entre si que os Europeus». Portas sublinhou que não podemos levar com «demagogia e ideologia as relações entre a Europa e a América Latina». Há amplas possibilidades para se trabalhar. Isto porque há mais coisas que nos unem do que aquelas que nos separam. Neste ano, ambos os continentes vão ter um crescimento económico semelhante (Europa – 1% e América Latina – 1.3%).

Investimentos no vínculo ibérico

O antigo presidente brasileiro, Michel Temer, considera que se deve muito «aos investimentos estrangeiros, incluindo os de Portugal e de Espanha». Sobre a presença do Foro de La Toja em Lisboa, a embaixadora de Espanha em Portugal destacou que isto «representa a força do vínculo ibérico». A embaixadora lembrou que o término Portunhol já existe no dicionário de língua espanhola.

O presidente da autarquia lisboeta, Carlos Moedas (raiano de nascimento), iniciou o seu discurso em portunhol, uma forma de dar as boas-vindas aos inúmeros presentes vindos do país vizinho, incluindo José Luis Martínez Almeida, Alcaide de Madrid. Almeida foi o primeiro alcaide de Madrid a estar presente na tomada de posse de um presidente de Lisboa. Moedas, reforçou que «a Península Ibérica é a ligação que temos entre o Atlântico e a Europa».

Portugal e Espanha falam cada vez mais a uma voz única, politicamente, na Europa. Duas nações que pretende um continente maior e forte. Para o embaixador Francisco Seixas da Costa, «Portugal e Espanha tem um papel dinamizador da relação da EU com a América Latina». Foi olhando para o atlântico que os países ibéricos saíram para protagonizar os Descobrimentos que deram novos mundos ao mundo e depois de várias décadas de costas, Portugal e Espanha convergem cada vez mais num caminho comum. «O Atlântico é um lar que nos imprime carater», disse a ministra da defesa espanhola. «O Foro de La Toja põe bem alto o orgulho de ser espanhol ou português», disse Margarita Robles.

Costa pediu um eixo Atlântico

Um eixo que vai da Galiza a Faro, sem esquecer o Brasil, o Peru e a restante América latina. No discurso de encerramento, António Costa colocou em xeque a debilidade existente na fronteira luso-espanhola (onde existe uma forte despopulação) e apelou para um forte eixo Atlântico que possibilite novos investimentos. O primeiro-ministro espera que ambos os países consigam unir forças já que as possibilidades energéticas, como é o facto de termos as maiores reservas de lítio da Europa, são inúmeras. A exceção ibérica para a energia permitiu, em Portugal, reduzir o preço da eletricidade até uns 20%. «Temos de ter uma capacidade para desenvolver uma estratégia sobre este recurso». «Damos uma visão do mundo construída por séculos de história», este é, segundo Costa, um dos pontos positivos que Portugal e Espanha tem a dar ao mundo.

Esta vocação atlântica que os países partilham faz parte da base do Foro de La Toja. «Portugal e Espanha são dois países com grandes laços e uma mesma visão do mundo», disse o Presidente do Grupo Hotusa, Amancio López. Para Josep Piqué, Presidente Foro la Toja, «Do eixo Atlântico ainda temos muito a dizer».

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