Carlos Saura, considerado um dos principais nomes da história do cinema espanhol (o último dos clássicos), morreu aos 91 anos, em Madrid. A causa da morte foi insuficiência respiratória. O realizador, nascido em Huesca, começou a sua profícua carreira logo na década de 50 (ainda durante a ditadura de Franco). Para além de ter realizado inúmeros filmes, como foi o caso de A Caça ou A prima Angélica, também fez uma importante trilogia de documentários para a ibero-américa.
Flamenco (1994), Tango (1997) e Fados (2007) abordaram as origens de três géneros musicais que estão interligados desde sempre. O Fado chegou ao cinema graças a sua lente. A mais tradicional das músicas portuguesas foi a escolhida para fechar uma trilogia dedicada às três formas de expressão musical urbanas do século XX. Fados teve supervisão musical de Carlos do Carmo e juntou os grandes talentos portugueses, como é o caso de Mariza ou Amália Rodrigues, com lendas da lusofonia, aqui representada por Caetano Veloso ou Camané.
No mesmo ano, este documentário venceu o do Prémio Goya para Melhor Cancão Original – “Fado da saudade”, interpretado por Carlos do Carmo e esteve nomeado na categoria de Melhor Documentário. O primeiro-ministro português, António Costa, já reagiu a esta morte e lembrou a ligação do realizador com Portugal. «Na morte de Carlos Saura, celebrado cineasta espanhol, não poderia deixar de lembrar o contributo fundamental que o seu filme “português”, “Fados”, deu à bem-sucedida candidatura do Fado a Património Cultural Imaterial da Humanidade».
O realizador iria receber o Goya de Honra pelo contributo que ao longo de décadas prestou a academia espanhola de cinema.
