Generamma: cinema no feminino com uma “janela” para Portugal

O festival de cinema realizado por mulheres apresenta a sua quarta edição entre os dias 10 e 15 de setembro, em Chiclana

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A localidade de Chiclana (Cádis, Andaluzia) acolhe, já a partir do próximo dia 10, a quarta edição do festival de cinema Generamma. Um certame dedicado à mostra de filmes apresentados por realizadoras nos últimos anos, com uma secção internacional focada este ano na cinematografia portuguesa, para além de oficinas, conversas e mesas redondas.

No dia 13, sexta-feira, a programação ‘Ventana a Portugal’ propõe a exibição de dois filmes, apresentados ao público “por duas colegas investigadoras andaluzas e especialistas no cinema das mulheres portuguesas”, adianta ao EL TRAPEZIO Oliva Acosta, diretora do festival. O objetivo, assegura, é “dar a conhecer o cinema estupendo que fazem as nossas colegas e vizinhas lusas”, para além de “continuar a incentivar a cooperação cultural [entre Portugal e Espanha] e as coproduções cinematográficas”.

A metamorfose dos pássaros (2020), obra da lisboeta Catarina Vasconcelos, é um documentário ficcionado que narra a história dos antepassados da cineasta e discorre entre o fantástico e o autobiográfico, tendo sido candidato por Portugal à edição de 2022 dos Óscares e vencedor do prémio Zabaltegi-Tabakalera no Festival de San Sebastián.

Alma Viva (2022) é o primeiro filme da franco-portuguesa Cristèle Alves Meira, uma obra sobre o passado e o presente de Portugal com o foco na tradição e reivindicação da força feminina. Estreada na Semana da Crítica de Cannes, foi também candidata lusa aos Óscares de 2023, nomeada para Melhor Filme Ibero-americano nos Goya e vencedora do prémio Pilar Miró para Melhor Realização Estreante na Seminci, em Valladolid.

Um olhar dirigido ao cinema no feminino que se faz no extremo ocidental da península, mas com uma abertura ao resto do mundo. “No Generamma estamos interessadas na colaboração e intercâmbio de experiências com diferentes países, para aproximar e dar a conhecer a diversidade das cinematografias de realizadoras no mundo”, esclarece Acosta, que refere também a proximidade já existente com festivais congéneres em Portugal. “Conhecemos as colegas do Olhares do Mediterrâneo – Women’s Film Festival de Lisboa e começámos a reunir com elas por videochamada desde janeiro para apresentar um projeto de cooperação transfronteiriça aos fundos europeus”.

Agora, nesta edição do Generamma, as organizadoras andaluzas e as parceiras portuguesas terão a oportunidade de se ver ao vivo pela primeira vez, às quais se juntam também representantes do festival portuense PortoFemme e da associação Mulheres Trabalhadoras das Imagens em Movimento (MUTIM). A diretora do festival não podia estar mais contente: “Estamos desejosas de as conhecer pessoalmente e aprender muito com elas. É um prazer recebê-las em Chiclana”.

Para além do foco no cinema luso, esta edição traz também a cinematografia de outras paragens, como Itália, Índia ou Perú, com uma programação que dá a conhecer as histórias de mulheres relevantes para a história mundial, mas também “anónimas, passadas ou presentes, que simbolizam a voz de uma geração”, sublinha a nota de imprensa. Em mostra estarão filmes como O Corno, de Jaione Camborda, que conquistou com esta obra a primeira ‘Concha de Oro’ para uma realizadora espanhola em San Sebastián, ou El Camino, de Ana Mariscal, um clássico recentemente exibido em Cannes que inaugurará a secção ‘Pioneras’ do festival e será apresentado por David, filho de Mariscal.

Generamma 2024 é um festival organizado pela Associação Andaluza de Mulheres nos Meios Audiovisuais (AAMMA), financiado principalmente pelo Serviço de Igualdade da Diputación de Cádis, e com a subvenção e equipamento municipal do Ayuntamiento de Chiclana. Um evento criado para criar redes e sinergias entre realizadoras, indústria e público, enquanto se contam, veem e pensam histórias escritas por mulheres através do cinema.

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