Incêndio na Serra da Estrela chega a Comunidade de Madrid

Onda de calor faz aumentar mortes e risco de incêndios mais violentos

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Mais de dez dias depois, e depois de vários reacendimentos que fizeram com que o incêndio se dividisse em várias frentes, o Parque Nacional da Serra da Estrela continua a arder. Mais de mil operacionais (de vários pontos do país) e três centenas de viaturas estão na frente de combate. A Proteção Civil anunciou que o fogo na serra da Estrela tem 90% do seu perímetro dominado, mas ainda deverá continuar nos próximos dois dias pois ainda existem frentes preocupantes.

O autarca da Guarda, cidade que teve este incêndio a pouco mais de 8 quilómetros, acredita que «o Parque Natural da Serra da Estrela desapareceu». Mesmo sem mortes a registar, esta é uma tragédia ambiental. A cadeia montanhosa abriga um vasto leque de animais e plantas. No piso superior da serra, que também está em perigo, existe o carriço-da-estrela. Uma planta com flor. Esta espécie endémica ibérica, que apenas existe aqui, está classificada pela União Internacional para a Conservação da Natureza como estando criticamente em perigo. Mais de 24 mil hectares de floresta já arderam no parque.

O fumo do incêndio que já há vários dias consome a Serra da Estrela chegou a Madrid depois de ter percorrido mais de 350 quilómetros em linha reta. Os ventos fortes, que tanto estão a afetar o ataque ao incêndio, fizeram com que o fumo percorresse metade da península ibérica. Segundo o jornal El Mundo, 360 madrilenos ligaram para o serviço de emergência para relatar um cheiro intenso a fogo e fumo. Para além da situação delicada vivida no maior parque natural português, o sul da Castela e Leão também está a ser afetado por um incêndio em território nacional (no concelho do Sabugal).

Portugal vai viver uma nova onda de calor que aumenta as mortes.

Portugal entrará numa terceira onda de calor, o que aumenta o perigo de incêndio rural e as mortes. O escritório europeu da OMS indicou em relatório que as ondas de calor sentidas este ano foram as responsáveis por 1,7 mil mortes em território ibérico. Portugal e Espanha, no mês de junho, registaram as maiores taxas de mortes em excesso no continente europeu e um dos grandes responsáveis é o calor.

O presidente do IPMA, Miguel Miranda, numa reunião com os ministros da agricultura e da administração interna, disse que setembro será ainda mais quente e seco, o que não será positivo para um país que já começa a racionar água. A Water Risk Filter alerta que até 2050, o risco de falta de água vai atingir 70% dos europeus.

Os incêndios têm feito que Portugal, Espanha e França enfrentem o pior verão dos últimos anos. Se em Espanha o estado é dono da maior parte das zonas florestais, em Portugal estas estão nas mãos de pequenos proprietários. Quase 1% de todo o território português (o que perfaz 84 mil hectares) ardeu nos primeiros sete meses do ano, o que faz com que tenha uma das maiores áreas ardidas da Europa. A área ardida no país triplicou comparando com o ano anterior. Em toda a Europa arderam 700 mil hectares. Os países com maior área ardida são a Roménia, Espanha e Portugal. A GNR deteve, desde o início do ano, 68 pessoas por este crime.

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