Lisboa, a «capital do mundo», recebe o Papa Francisco de «braços abertos»

No primeiro discurso, o Papa lembrou Saramago, Pessoa e a vertente atlântica da nação mais ocidental da Europa

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O Papa Francisco já está em Portugal para se encontrar com os milhões de jovens que estão na capital durante esta semana. Com a JMJ, Lisboa torna-se a «capital do mundo» para todos os católicos. Seis anos depois um Papa volta a terra de Fátima. Na chegada a Figo Maduro foi recebido pelo presidente Marcelo Rebelo de Sousa, e um casal de crianças que ofereceu-lhe um ramo de flores. No recebimento, o presidente português exclamou que o país acolhe-o de «braços abertos». Francisco descreve-se como um «peregrino da esperança».

No percurso até ao Palácio Nacional de Belém, muitos lisboetas e peregrinos pararam para ver o percurso da comitiva papal. Milhares de pessoas enchem as ruas da cidade que nesta semana apresenta uma moldura humana maior do que aquela que teve na Eurovisão. São vistas bandeiras de todo o mundo. No primeiro dia, os presentes encheram desde o Parque Eduardo VII até ao Terreiro do Paço. Entre 180 e 310 mil pessoas participaram na missa de abertura do evento.

Para além dos momentos oficiais, a cidade está repleta de eventos ligados a JMJ. Na Praça do Comércio existem, todas as tardes, concertos. Os presentes consideram esta oportunidade única não só para ver o Papa mas também para conhecer o mundo em apenas um lugar. Mesmo com a saúde abatida, o Santo Pontífice (de 86 anos) demonstrou estar muito contente por estar no país e por se encontrar com milhões de jovens que vão o rejuvenescer. No primeiro dia no Parque Eduardo VII (que vai acontecer na quinta-feira), o Papa deverá percorrer todo o recinto.

Em português, Francisco descreve-o Lisboa como a «cidade do encontro»

No Palácio de Belém, o Papa Francisco recebeu honras militares e escreveu em português (os discursos serão dados em italiano e em espanhol) no livro de honra. Na mensagem, o Sumo Pontifice escreveu que espera muito de «Lisboa, a cidade do encontro». Também em Belém, no CCB, o Papa teve um encontro com as autoridades e a sociedade civil onde prestou as suas primeiras palavras em território lusitano.

Foi junto ao rio, no país mais ocidental da Europa, que o Papa pediu «vias inovadoras» para a paz. No discurso de Francisco sentiu-se o «cheiro a mar» de Lisboa, os seus escritores (incluindo Saramago) e falou-se sobre a vocação europeia e portuguesa para construírem pontes. É preciso mais união para enfrentar os vários problemas existentes.

Carlos Moedas ficou feliz pela menção à cidade de Lisboa como uma «capital do mundo, aberta, multicultural e para a juventude». A posição a atlântica deve ser usada para se criar «zonas de contacto». Pediu para que a «velha Europa» recupere os valores dos pais fundadores e que volte a «impulsionar uma abertura universal». Sobre  o problema ambiental global, o Papa Francisco considera-o «extremamente grave» e alertou para o aquecimento dos oceanos e como o excesso de plástico afecta as nossas vidas.

As dificuldades do quotidiano não foram esquecidas

O Papa também falou sobre a dificuldade de se encontrar uma casa e o aumento do custo de vida. Este é um problema bem presente na vida dos jovens, incluindo dos portugueses. Os diferentes deputados presentes reforçaram que as palavras do Papa em muito representam a situação que o país vive. Nesta zona da cidade existem centenas de confessionários onde os jovens podem conversar com os padres presentes.

Na Nunciatura Apostólica, onde quebrou o protocolo para cumprimentar as pessoas, teve encontros com o primeiro-ministro e o presidente da assembleia da república. Para António Costa, a presença não só do Papa mas como a de «milhares de jovens para a JMJ é sinónimo de esperança nos valores da humanidade, da igualdade, da solidariedade e da paz».

O Mosteiro dos Jerónimos, que nos dias anteriores recebeu uma bandeira LGBT (demonstrando a diversidade presente na JMJ), foi o palco onde o Papa Francisco rezou as vésperas com os membros do clero português. Aqui recebeu mais uma ovação. Ai reconheceu os escândalos que envolvem a igreja e propôs soluções. A cidade recebeu três cartazes que denunciam os abusos sexuais sofridos por milhares de crianças na Igreja Católica. Um destes cartazes, patrocinado por um grupo de cidadãos, foi retirado na zona de Oeiras. A última JMJ aconteceu em 2019 no Panamá. Desde que a JMJ Lisboa começou que o tráfego de roaming e de dados tem atingido valores recordes. O evento português vai decorrer até ao dia 6 de Agosto.

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