Um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC em inglês) alertou que em 2030 o mundo esteja 1,5 graus mais quente, valor que vai ser alcançado 10 anos antes que o previsto. Em 2100, com o actual ritmo de emissões, o mundo poderá estar 2,7 graus mais quente.
Este aquecimento, que acontece num mundo onde os extremos são cada vez mais frequentes, é «um alerta vermelho» para o secretário-geral da ONU, António Guterres, que, num comunicado, alertou para o perigo das energias fósseis e pediu que que depois deste ano não seja construída mais nenhuma central de carvão pois esta é a única forma de podermos ainda ambicionar voltar a alcançar os valores de temperatura que o mundo registou na era pré-industrial. Se tudo continuar como está, o sul de Portugal poderá ficar com um clima semelhante ao de Marrocos.
A desflorestação, com Atenas a ter perdido o seu último pulmão verde e com a Amazónia a ter 8.712 quilómetros quadrados de área abatida entre Agosto de 2020 e Julho de 2021, é um dos motivos apresentados por António Guterres para o mundo estar a sufocar com temperaturas cada vez mais elevadas. O cenário é cada vez mais grave com a notícia de que na última terça-feira derreteu na Gronelândia uma quantidade de gelo suficiente (8,5 mil milhões de toneladas de massa) que dava para cobrir a totalidade do território português com mais de 9 centímetros de água.
Aposta nas energias renováveis para salvaguardar o futuro
Uma passagem para as energias renováveis e um esforço global para a redução dos gases de efeito de estufa é o pedido que Guterres faz aos dirigentes mundiais que se vão reunir, em Novembro, na conferência do clima (COP26) em Glasgow, na Escócia. Construir o futuro com instrumentos do passado já não é possível.
«Se unirmos forças agora, podemos evitar a catástrofe climática. Mas, como o relatório desta segunda-feira indica claramente não há tempo e não há lugar para desculpas», apelou o secretário-geral da ONU num período em que o sul da Europa, a Sibéria e os Estados Unidos estão a ser afectados por grandes incêndios que antecederam inundações em larga escala na China, Bélgica e na Alemanha.
Em Portugal, e depois do anúncio do fecho da central de carvão de Sines em Setembro de 2023 (e também a que têm nas Astúrias), o ministro do ambiente, João Pedro Matos Fernandes, disse no Parlamento que acredita ser possível antecipar o encerramento das centrais a gás que actualmente têm como data 2040. O governante também acredita ser possível antecipar a data de finalização do roteiro de descarbonização, que acompanha a vontade europeia de chegar a 2050 como um «continente verde».