16/05/2025

No penúltimo dia de campanha, Montenegro recebe «banho de multidão» e Ventura volta a ingressar num hospital

Numa campanha onde se tem falado pouco de política, os temas de breaking news têm marcado a agenda também dos políticos

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Estas legislativas têm sido bastante conturbadas já que na campanha fala-se de tudo, desde escândalos empresariais até candidatos a uma outra eleição, menos política. E no antepenúltimo dia de campanha os media apenas falam dos problemas de saúde de um dos candidatos, André Ventura.

Depois de ter ingressado num hospital do Algarve, Ventura voltou a sentir-se mal no Alentejo e teve que ser levado para um hospital de Setúbal. Uma distância de 100 kms. A equipa médica diz-lhe exames de despiste para possíveis problemas cardíacos. Os próprios hospitais e a polícia já foi a desmentir o partido sobre a possibilidade de desacatos que tenham levado André Ventura ao hospital. Logo na primeira vez, Ventura, que tem uma forte presença nas redes sociais, fez fotos e vídeos para explicar a sua situação (bem ao estilo de Bolsonaro).

Montenegro desejou as melhoras ao líder do partido, que muitas sondagens apontam ao terceiro lugar, e Marcelo Rebelo de Sousa ao seu melhor estilo de comentador (desta vez médico) disse que o que aconteceu não passa de cansaço extremo. Num período em que a desinformação aumenta, e que tem levado a que várias contas de Tik Tok sejam apagadas devido ao uso da IA para propagar fake news, os problemas de saúde de Ventura já levou a que um bruxo aparece-se a dizer que o político tinha sido embruxado e outros levantam a possibilidade de envenenamento (a água que bebeu no primeiro vídeo).

As ações de campanha continuaram com o número dois deste partido. Há uma semana, quando aconteceu o voto antecipado, de 333 mil inscritos (a inscrição podia ser feita online mas a votação é presencial), 94% das pessoas optaram pelo voto por mobilidade. Como foi o caso do próprio presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que a 18 de Maio não poderá votar presencialmente porque vai participar na primeira missa do Papa Leão XIV. Nessa missa vai também estar o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, que já pediu um Governo que dure mais de 12 meses, «o povo é decisivo» (como diria o povo, este é o que mais ordena!). Avançado como o possível vencedor, mas não com maioria absoluta, Luís Montenegro diz que tem feito de tudo para ganhar mas não considera dramático se não existir uma «maioria estável». O penúltimo dia de campanha da AD teve um «banho de multidão» nas ruas do Porto onde Luís Montenegro (que é de Espinho) esteve acompanhado pela família, o presidente da Assembleia da República e o ministro dos negócios estrangeiros, Paulo Rangel. Este último é o cabeça-de-lista pelo concorrido círculo do Porto.

Saindo da temática de saúde, a coordenadora do Bloco de Esquerda esteve numa universidade do Porto a tentar convencer os jovens indecisos e a contradizer as ideias económicas que a IL tem vindo a apresentar. Como é o caso do investimento na defesa para impulsionar o motor econômico do país. Rui Rocha, da Iniciativa Liberal, já olha para um possível lugar no Governo e defende que se as pessoas votarem no seu partido podem esperar por um Governo que dure 4 anos.

IVA mais baixo, ao estilo espanhol

Passando para o IVA, com muitos a pedirem que este fique a zero (mais ou menos como na altura da COVID-19), o Livre defende que a baixa não deve ser total mas de 23 para 21%. O que já aconteceu em Espanha. Rui Tavares, do Livre (que espera que a sua bancada cresça), pede cautela nesta questão.

Mariana Mortágua também reforçou que se as pessoas votarem no BE e para poderem viabilizar um possível Governo socialista (como na altura da Geringonça) vão exigir um teto às rendas. A crise na habitação é uma das preocupações dos portugueses e pode ser usada como «moeda de troca» como foram os países e manuais gratuitos no passado.

Em Lisboa, o secretário-geral do PCP (que nestas eleições concorre, como é habitual, como CDU), defendeu que nenhuma mulher precisa do conselho de um homem. Do que precisa é de «salários e do reconhecimento dos seus direitos». Neste caso podemos lembrar os 30% de mulheres que devem fazer parte das listas políticas (o Chega não cumpre com este requisito). Passando para o outro lado do Tejo, o Barreiro, Paulo Raimundo afirmou que o «verdadeiro farol é o povo» (Montenegro apresentou-se como um farol na política portuguesa) e que o seu partido é o único que ainda não se afastou do seu programa eleitoral.

Habitualmente é na capital portuguesa que as campanhas costumam encerrar com arruadas. Uma das mais conhecidas costumava acontecer no Chiado mas a autarquia de Lisboa já demonstrou estar contra a uma manifestação do partido Ergue-te (mais a extrema-direita do Chega) no Martim Moniz. A última manifestação que tinham marcada para esta praça, a 25 de Abril, terminou com pessoas ligadas a este partido detidas.