13/12/2025

O país parou, com serviços mínimos e estradas vazias, numa greve geral contra a Lei Laboral que o governo pretende passar

Sindicatos apontam para uma adesão histórica a greve geral enquanto o governo disse que a maioria do país decidiu ir trabalhar neste dia

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Manifestantes levantan el puño durante una huelga general en Portugal

Pela primeira vez desde Junho de 2013, a CGTP e a UGT (que admite voltar a negociar com o governo) uniram-se para parar o país. Os diferentes sindicatos consideram esta greve como «histórica» com uma adesão, em alguns casos, a rondar os 90%. Os patrões contradizem esta narrativa apontando que só 2 a 3% dos trabalhadores não foram trabalhar e a maioria por não ter transporte para chegar até ao trabalho. «A economia real esteve a funcionar», apontaram. A greve geral aconteceu poucos dias depois do The Economist ter apontado a economia portuguesa como a «Economia do Ano».

A greve geral visou travar o pacote laboral que o governo quer implementar. A tensão entre os trabalhadores e o executivo é palpável. O primeiro-ministro Luís Montenegro admite, até ao fim da legislatura, aumentar o salário mínimo em 1.600 euros. Dois candidatos presidenciais, António Filipe (PCP) e Catarina Martins (Bloco de Esquerda) consideram que este salário mínimo avançado não é para «levar a sério».

Houve manifestações em vários pontos do país, desde Lisboa -onde estiveram na Assembleia da República- a Coimbra, a exigirem mais direitos. Os trabalhadores precários -uma parte significativa da força laboral do país- não fizeram greve mas muitos admitiram que se pudesse o tinham feito. Sindicalistas, e não só, fizeram ouvir a sua voz. Sobre a greve geral, Luís Montenegro desvalorizou e disse que a grande maioria do país trabalhou e que quem fez greve foi uma pequena parte. Para Montenegro, «os direitos de uns não devem obstaculizar os direitos dos outros». O primeiro-ministro também nega que o seu governo seja intransigente. André Ventura, do Chega, descreve o governo como «casmurro e teimoso».

Oposição acredita que o governo está em negação

A oposição considera que o governo está em negação com a adesão dos diferentes setores à greve geral. As escolas estiveram fechadas (os docentes e os investigadores também decidiram fazer greve) e as estradas vazias já que muitas pessoas decidiram não ir trabalhar. Mesmo com serviços mínimos, nos transportes, houve paragens em vários transportes e no Porto houve momentos de tensão com os piquetes dos trabalhadores do metro do Porto que não queriam que o serviço fosse feito. A Carris, na área Metropolitana de Lisboa, teve poucos serviços de autocarro.

Mesmo assim, não foram registados muitos incidentes. O direito à greve é um dos direitos que vem descrito na legislação portuguesa mas aqueles que não conseguiram chegar aos locais por causa da falta de transportes não tiveram o mesmo direito que os protestantes.

A área da saúde também foi fortemente afetada, com os médicos, em alguns hospitais, a chamarem os doentes para as consultas, pois não havia pessoal administrativo. A Federação dos Médicos acredita que a adesão esteve acima dos 90%. A greve geral também levou a interrupção de alguns serviços informativos, como foi o caso da Agência Lusa. Na sexta-feira, também deverá haver alguns «resquícios» desta greve geral.