Pedro Costa abre 4.ª edição do festival de cinema «La Inesperada» em Barcelona

“As filhas do fogo”, do cineasta português, inaugura a secção principal do festival a 21 de fevereiro. Será a estreia da curta-metragem de 2023 na Catalunha

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O festival La Inesperada, dedicado à mostra de cinema de não-ficção, regressa a Barcelona entre os dias 21 e 25 de fevereiro para a sua 4.ª edição. A curta-metragem As filhas do fogo, do cineasta português Pedro Costa, foi selecionada para inaugurar o programa da secção principal “Atòmica”, juntamente com o filme Man in Black do chinês Wang Bing.

O filme português será exibido no dia 21 às 18h30 (hora local) na Filmoteca da Catalunha, o mesmo espaço que, em 2023, dedicou uma retrospetiva a Pedro Costa. Esta será a primeira vez que a curta-metragem é apresentada na região espanhola, depois da sua programação no festival de Cannes e na última edição do festival Márgenes, em Madrid.

Lançado como curta em 2023, As filhas do fogo resulta da colaboração multidisciplinar entre o cineasta e o grupo Os Músicos do Tejo em 2016. O projeto, em formato de espetáculo, foi apresentado pela primeira vez nesse ano na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e derivou num filme de 2019 com o mesmo nome, apresentado no Centro Pompidou em Paris no âmbito da exposição “O resto é sombra”.

Com quase 40 anos de carreira, Pedro Costa é “um dos grandes cineastas internacionais dos inícios do século XXI” e fortemente ligado a Barcelona, recorda ao EL TRAPEZIO o co-programador do La Inesperada, Miquel Freixas. Da presença habitual do realizador na capital catalã, destaca momentos como a apresentação do filme O quarto da Vanda (2000) numa “mostra de cinema português nos Cines Verdi”, a projeção de Juventude em marcha no Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona (CCCB) em 2007, ou ainda, mais recentemente, a exposição “Canción de Pedro Costa” concebida para o centro La Virreina em 2022.

“Temos interesse em saber o que [Pedro Costa] nos expõe agora, continuando atentos a um trabalho que nos interessa há muito tempo”, admite o programador e crítico de cinema, que estende a sua curiosidade ao cinema português. “Com poucos meios, expressa muito”, garante Miquel Freixas, salientando o “grande legado de autoria” das propostas fílmicas portuguesas, de “grande qualidade” e “compromisso artístico” com o cinema. “Assim, como vizinhos e países de economias e geografias parecidas, estamos perto e interessa-nos saber o que acontece em Portugal, o que contam os seus artistas”.

O festival La Inesperada surgiu em 2021, em plena pandemia, com o objetivo de oferecer cinema de não-ficção contemporâneo ao público catalão. “Alguns filmes apenas chegam [à Catalunha] de forma separada do resto, deixando a não-ficção num canto e em segunda ou terceira linha”, explica Freixas. Daí a ideia de dar um espaço mais focalizado a este género, fazendo com que os filmes “cheguem bem, às melhores salas possíveis, com debates, conferências e, se possível, com os cineastas presentes”.

A presença de Pedro Costa no festival é, além de uma estreia, uma premissa para envolver mais a cultura portuguesa. Se não existiu um vínculo forte a Portugal em edições anteriores, ou mesmo no restante programa desta edição, “no futuro, muito provavelmente”, vai acontecer.

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