Timor-Leste celebra os 25 anos do referendo de autodeterminação que levou a independência deste país

Durão Barroso e António Guterres estão em Dili para participar numa cerimónia onde foram condecorados 8 jornalistas portugueses

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Quando pensamos na iberofonia associamos a ela vários países da América Latina e inclusive da África, mas raramente olhamos para a parte mais oriental do mundo e a verdade é que ali também existe uma pegada lusófona. Na terra do crocodilo, do sol nascente, também se fala português. Esta é a língua oficial ao lado do tétum (língua que tem palavras derivadas do português e do malaio). A língua e a religião católica foram duas das armas usadas na luta pela independência. O Papa Francisco vai visitar Timor-Leste no próximo mês. Foi há 25 anos que em Timor-Leste se realizou o referendo de autodeterminação que levou a independência deste país. 78% dos timorenses que participaram neste referendo votaram a favor de uma independência total.

Depois do referendo, Timor ainda foi gerido pela ONU até 2003. O atual secretário-geral desta organização, António Guterres, na altura era PM português e foi a cabeça responsável por levar o caso timorense até Nova Iorque. Guterres também destacou a cada vez major influência internacional de Timor-Leste. O Governo de Dili anunciou, recentemente, um donativo que servirá para ajudar a ilha da Madeira. Que passou por um grande incêndio. Ramos-Horta sugere que o país funcione como um «armazém» para os produtos portugueses que queiram chegar ao sudeste asiático. Dois produtos que chegam a Portugal vindos de Timor são o café e o caju.

Para além de Guterres, outros nomes portugueses que podemos associar a luta pela autodeterminação são os de Jorge Sampaio (presidente da República da altura), João Soares, Jaime Gama, Ana Gomes ou Luís Represas. Este músico foi a voz do hino «Ai Timor». Esta música era cantada nas ruas de Portugal enquanto as pessoas saiam às ruas para fazerem cordões humanos e acenderem velas. Tudo gestos para apelarem a paz.

Segundo Durão Barroso, antigo PM português e presidente da UE, a história deste país, que durante muito tempo foi o mais jovem do mundo, tornou-se «feliz e nos deve inspirar». Que começou por ser uma espécie de colônia penal dos portugueses e estava nas mãos dos indonésios que protagonizaram massacres como aquele que aconteceu no cemitério de Santa Cruz. Angola também participa nas comemorações dos 25 anos do referendo. Depois do resultado oficial houve uma cerimónia onde se tirou a bandeira portuguesa do mastro (esta está em exposição no museu da terra natal de Guterres) e se colocou a do novo país que assim nascia.

A história de Timor foi escrita a sangue e tem ligada a ela dois nomes, dois heróis da independência. Ramos Horta e Xanana Gusmão (ainda me lembro dos discursos que ele proferia na montanha e era transmitidos em direto pela RTP). A luta dos timorenses pela liberdade e pela independência foi mostrada ao mundo (não podemos esquecer que na altura a informação não era transmitida de uma forma tão rápido) muito graças aos jornalistas. O presidente de Timor Leste, José Ramos Horta, condecorou oito jornalistas portugueses no âmbito das comemorações dos 25 anos do referendo para a autodeterminação do país. A cerimónia, que aconteceu em Dili, distinguiu aqueles que contribuíram de forma decisiva para a paz e a estabilidade de Timor-Leste. Ainda falta fazer muito para garantir a qualidade de vida da população deste país, que contínua a ser um dos mais pobres do mundo.

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